Título: Aécio sobe o tom das críticas da oposição
Autor: Cipriani, Juliana; Scofield, Patrícia
Fonte: Correio Braziliense, 03/04/2011, Política, p. 3

Senador mineiro afirma em encontro de governadores do PSDB, em Belo Horizonte, que chegou a hora de o partido agir com firmeza e %u201Cmostrar contradições do governo petista%u201D

O senador Aécio Neves (PSDB) chegou ao encontro dos oito governadores tucanos ontem, em Belo Horizonte, disposto a acabar com o estilo light do partido de fazer oposição e elevou o tom das críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Um dos principais nomes cotados para concorrer à sucessão presidencial em 2014, o mineiro disse que chegou a hora de o partido agir com firmeza e mostrar contradições entre o ¿Brasil apresentado cor-de- rosa na campanha¿ e o ¿Brasil real¿. O senador começou falando da criação de mais um ministério pela presidente petista, o que chamou de ¿escárnio¿ com a população brasileira e prometeu um pronunciamento contundente para a próxima semana.

O projeto de criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com status de ministério, foi enviado na quinta-feira ao Legislativo. As negociações seriam para que o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) ficasse no comando da pasta. Com isto, o presidente nacional do PT, ex-deputado José Eduardo Dutra, assumiria uma vaga no Senado, como primeiro suplente da chapa. ¿O PT acha que o correto é colocar o país a serviço de um partido político. Essa notícia, reiterada hoje, de que a presidente da República criará mais um ministério para acomodar um dirigente partidário que não foi eleito, que não teve votos, para estar no Senado da República, é um escárnio para com a população brasileira¿, afirmou.

Segundo o tucano, a presidente Dilma teve a oportunidade de modificar a estrutura do Estado, mas, em vez de diminuir o número de ministérios, aumentou-o. ¿São os feudos, entrega-se um ministério para o partido tal, outro para o partido tal, para que se tenha votos no Congresso¿, comentou.

O tucano aproveitou para devolver à presidente a tão falada ¿herança maldita¿ que os petistas reclamavam ter recebido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Aécio antecipou que falará, no Senado, do papel da oposição com os governos Itamar Franco (PPS) e Fernando Henrique na modernização econômica do país. ¿Vamos mostrar que, se existe uma herança maldita, ela está aí hoje com o aumento desenfreado dos gastos correntes no ano passado, acima do que cresceu a própria economia e, hoje, o país paga um preço com a contenção de investimentos principalmente¿, disse.

Ausência de Serra No segundo encontro dos governadores do partido, em que a legenda admitiu ter problemas de comunicação com o eleitor, Aécio se colocou como a voz da oposição. O ex-governador José Serra, do PSDB paulista, não participou do encontro. Coube também ao presidente da legenda, deputado Sérgio Guerra, criticar a atuação da petista nos primeiros meses de governo. Mesmo tendo, segundo ele, acertado em algumas políticas, ele criticou a composição do ministério da presidente Dilma, que considera ¿fraco¿. Outra crítica do dirigente foi à atuação da presidente na votação do novo salário mínimo que, para ele, foi na base do ¿rolo compressor¿.