Título: Mercadante defende Lula e diz que tucanos abandonaram FHC
Autor: Daniel Pereira
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/10/2004, Política, p. A-7

O líder do governo no Senado Federal, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse ontem que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tece críticas aos governos federal e paulistano porque foi abandonado pelo PSDB e pelo PFL. FHC não teria capital político para garantir votos aos partidos de oposição, ao contrário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e por isso não teria sido convidado a participar das campanhas oposicionistas. "Muito dessa agressividade se deve ao abandono dele", afirmou Mercadante.

De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, FHC declarou anteontem, antes de viajar aos Estados Unidos, que a política de alianças do PT é uma "Arca de Noé" e sugeriu uma comparação entre o início do governo dele e o do presidente Lula. "Acho melhor o ex-presidente escrevendo e falando do que omisso e abandonado pela militância de certos partidos", ironizou Mercadante. "A comparação mais evidente é a aprovação popular ao presidente Lula e a ausência de FHC nas campanhas", acrescentou o senador.

Discursando da tribuna do Senado, Mercadante citou a política externa e dados econômicos a fim de comprovar o melhor desempenho do atual governo. Disse, por exemplo, que nos oito anos de mandato tucano a balança comercial registrou déficit de US$ 9,9 bilhões, ante o superávit de US$ 47,3 bilhões verificado nos 20 meses iniciais de gestão Lula. E ainda que 1,2 milhão de empregos com carteira assinada foram criados no País nos nove primeiros meses de 2004. O mesmo número de abertura de vagas formais teria sido registrado apenas um vez no governo anterior - no caso, em todo o ano 2000.

"O conjunto da obra dos indicadores mais relevantes, como inflação, emprego e crescimento econômico, é prova contundente de que a comparação não interessa ao PSDB", disse Mercadante. "Todos os acertos do atual governo seguiram a política iniciada pelo governo FHC", rebateu o senador Heráclito Fortes (PFL-PI). Ele também criticou o desempenho da atual gestão na área social, dizendo que o principal programa, o Fome Zero, não decolou. Já o líder do PFL no Senado, José Agripino (PFL-RN), denunciou uma suposta onda de autoritarismo no País.

Seriam prova a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo e a presença do presidente Lula na inauguração de uma obra em São Paulo, quando pediu votos para a reeleição da prefeita Marta Suplicy (PT), em suposto desrespeito à legislação eleitoral. "FHC jamais fez isso", garantiu Agripino. Ontem, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, determinou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento da representação contra Lula pela visita a São Paulo.

Há ainda outra pendência. Nesta semana, o PSDB pediu ao Ministério Público que analise reunião entre Lula e prefeitos petistas eleitos em primeiro turno, realizada na terça-feira no Planalto, na qual teriam discutido estratégias para o segundo turno. "Apoio político ajuda ou atrapalha em campanha municipal. No caso do presidente, ajuda e muito, até por isso tentam barrar", replicou Mercadante.