Título: A Evadin quer fortalecer sua marca própria
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/10/2004, Indústria & Serviço, p. A-10

Para vice-presidente de marketing da empresa, fim de acordo com a Mitsubishi não será uma "sentença de morte". Enquanto a Justiça não define o destino da marca de televisores Mitsubishi no Brasil, a Evadin Indústrias Amazônia busca novos segmentos de mercado e luta para fortalecer sua marca própria. "A perda do direito de utilização da marca Mitsubishi não vai significar a sentença de morte da empresa", afirmou Jairo Siwek, vice-presidente de marketing da Evadin. Com a marca Aiko - criada em 1972 -, a empresa produz aparelhos celulares e, em setembro, ingressou no aquecido mercado de DVD players.

Desde 2000, a empresa briga na Justiça pelo direito de continuar produzindo televisores com a marca - e tecnologia - da japonesa Mitsubishi Corporation, que pede a extinção do acordo de uso da marca assinado em 1979. Siwek preferiu não comentar o caso, que corre em segredo (ver box). "Não acho justo, porém, que eles (a Mitsubishi) possam usufruir agora do nosso trabalho de construção de imagem, que já dura 25 anos", afirmou o executivo, citando o famoso bordão que dá ao consumidor garantia de qualidade "até a próxima Copa do Mundo". O executivo foi além. "Quando começou a produzir automóveis no Brasil, a Mitsubishi Motors se beneficiou da imagem de excelente qualidade de nossos produtos." Circulam no mercado boatos de que a empresa japonesa estaria interessada em abrir uma unidade de produção de TVs e aparelhos celulares no Brasil, num investimento entre US$ 200 milhões e US$ 400 milhões. Procurada por este jornal, a Mitsubishi não quis se manifestar.

A Evadin não revela qual o percentual do negócio de televisores em sua receita (também não divulgada). Entretanto, Siwek estimou que a Mitsubishi detém cerca de 8% do mercado total de aparelhos, que deverá alcançar 7 milhões de unidades neste ano, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). A produção de aparelhos não foi prejudicada pelo processo judicial, disse o vice-presidente da empresa. Entretanto, a última atualização tecnológica dos televisores aconteceu "há mais de um ano", afirmou Siwek.

"A Mitsubishi não desenvolve mais aparelhos que utilizam cinescópios. A empresa concentra agora sua produção em televisores de tecnologia mais avançada, de tela de cristal líquido". Os lançamentos, segundo informou o executivo da Evadin, contam apenas com modificações de design.

Não está descartada a utilização da marca Aiko para a produção de televisores, caso a empresa perca o direito de utilização da Mitsubishi. "Também planejamos entrar no segmento de TVs de tela plana, mas não decidimos se vamos contar com um parceiro tecnológico", disse Siwek. Ele não revelou com quem negocia essa parceria.

Em setembro, a empresa, com unidade fabril em Manaus, passou a produzir DVD players com a marca Aiko. A produção inicial é de 20 mil unidades mensais e a Evadin espera conquistar 8% do mercado que, no ano passado, registrou a venda de mais de 2 milhões de aparelhos - 45% a mais em relação a 2002. "Vamos competir num segmento premium, com equipamentos sofisticados em termos de tecnologia e design", afirmou o executivo.

Siwek disse estimar para este ano um faturamento entre 30% a 40% maior em 2004 em relação ao ano passado. "As vendas estão aquecidas, principalmente as de televisores e de aparelhos celulares, graças à volta do crédito ao consumidor. A expectativa é que esse movimento continue no ano que vem".

Fundada em 1967 como distribuidora exclusiva da Mitsubishi no Brasil, a Evadin inaugurou sua unidade fabril na Zona Franca de Manaus em 1972. É controlada pela família Kriss. Produz também computadores (com a marca própria PCI), monitores de vídeo (sob licença da AOC Monitors, e também com sua marca própria) e CD players automotivos (em parceria com a Siemens/VDO). Toda sua produção é voltada para o mercado local.