Título: Dólar fecha em alta pressionado por dívida cambial e petróleo
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/10/2004, Finanças e Mercados, p. B-1
O dólar subiu ontem pelo terceiro dia consecutivo, pressionado pela alta do petróleo e pelo vencimento de uma dívida cambial no valor de US$ 1,8 bilhão, que vai ser resgatada pelo Tesouro na próxima semana. O dólar comercial registrou uma alta de 0,35%, que fechou o dia vendido a R$ 2,852.
A previsão dos analistas é de que, até a próxima semana, o dólar continue sofrendo pressão por parte dos credores de uma dívida de R$ 1,8 bilhão que vence nos dias 13 e 14. O Banco Central já avisou que não vai rolar os títulos, como parte da estratégia para reduzir a parcela da dívida pública corrigida pelo câmbio, o que reduz a exposição do País a crises cambiais.
A pressão sobre a moeda norte-americana deve continuar nos próximos dias para garantir uma cotação maior no resgate da dívida. A ptax - taxa média oficial do dólar - da véspera do vencimento será usada como base para remunerar os papéis que o governo vai recomprar. Portanto, quanto maior a taxa, maior a remuneração a ser obtida pelos investidores que detêm estes papéis.
Outro fator que tem influenciado o câmbio são as sucessivas altas no preço do petróleo. Ontem, o barril tipo WTI subiu 1,25% em Nova York, fechando cotado a US$ 52,67. O chefe da tesouraria do Banco Santos, Rodrigo Boulos, acredita que, por conta do petróleo, nos próximos dias o dólar pode chegar a R$ 2,87. "Apesar da pressão por conta do vencimento da dívida cambial e da alta do petróleo, não há muito espaço para subir além deste patamar", diz Boulos.
Segundo o tesoureiro, a situação hoje no País é bem diferente do que ocorria no passado, quando ou havia grande fluxo comercial de dólar, por conta das exportações, ou grande fluxo financeiro, graças às captações. "Hoje registramos simultaneamente os dois fatores, ou seja, há grande fluxo comercial e financeiro da moeda o que impede uma alta acentuada da moeda", diz Boulos.
As projeções para os juros futuros fecharam o dia de ontem com pouca variação. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os contratos com vencimento em abril de 2005, os mais líquidos com R$ 13,1 bilhões em negócios, registrou um juro anualizado de 17,09%. Embora hoje as atenções estejam voltadas para a divulgação do IPCA de setembro, os analistas não acreditam em grande reflexos nos juros futuros. Os juros no curto prazo, devem continuar altos independente dos números divulgados. Eles já estariam "contaminados" pela expectativa de que o Copom suba a Selic.