Título: Importação custa US$ 4,5 bilhões
Autor: Luciana Collet
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/10/2004, Energia, p. A-6

Volume de compras de janeiro a agosto representa 94,4% do total registrado em 2003. A importação de petróleo mantem-se em alta de dois dígitos pelo quarto mês consecutivo, em relação ao volume comprado no mercado externo no ano passado, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Após atingir um pico de 54,3% de variação positiva no acumulado até julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2003, o percentual baixou para 51,4% na soma de todo óleo comprado no exterior até agosto. O volume importado de janeiro a agosto de 2004 já representa 94,4% do total registrado durante todo o ano passado, somando 19,26 milhões de metros cúbicos (m³) de óleo.

O crescimento das importações, aliado aos sucessivos aumentos na cotação internacional do barril, fizeram com que o dispêndio com as compras no mercado externo aumentasse mais 82,5%. Sem contar os custos com frete, as refinarias brasileiras já pagaram US$ 4,5 bilhões pelo petróleo estrangeiro, acima dos US$ 3,9 bilhões gastos em 2003.

Por outro lado, as exportações também aumentaram, atingindo uma elevação de 24,3% na comparação com o volume vendido ao exterior de janeiro a agosto do ano passado. Somente no mês de agosto, as vendas ao exterior mais que duplicaram em relação a 2003, passando de 763,3 mil m³ para 1,66 milhões de m³. Com isso, a receita com a exportação subiu 46,9%, totalizando R$ 1,8 bilhões.

O aumento das compras internacionais está relacionado à queda da produção da Petrobras, justificada pela estatal como sendo resultado das paradas programadas para a manutenção das plataformas, além de acidentes em unidades específicas e atraso da entrega de novas plataformas.

No entanto, o volume produzido, que chegou a ser 3,1% inferior do registrado na comparação entre janeiros, hoje está apenas 1,4% abaixo do verificado no acumulado até agosto de 2003.

Portanto, o crescimento da importação de petróleo também é resultado do aumento da demanda interna, uma vez que as vendas dos derivados de petróleo aumentaram mais de 5% em relação a 2003. "Além disso, a Petrobras decidiu passar a importar mais óleo e menos derivados, trabalhando a plena capacidade em suas refinarias", acrescentou Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-estrutura.

De fato, a importação de derivados de petróleo apresentou queda de 25% no volume comercializado de janeiro a agosto, em relação ao mesmo período de 2003. Somente o volume de óleo diesel comprado no exterior caiu 53,1% nos primeiros oito meses do ano, frente igual período do ano passado. Já a importação de nafta caiu 21,1%, na mesma comparação.

Por outro lado, a produção nacional de derivados vem aumentando, porém em taxas decrescentes. Após aaumento de 10,6% em fevereiro, em relação ao mesmo mês de 2003, o volume produzido até agosto foi 5,1% superior ao acumulado no mesmo período do ano passado. Segundo Pires, a diminuição das taxas correspondem à retomada do consumo no segundo semestre de 2003.