Título: Índices desaceleram mas mercado prevê reversão de tendência
Autor: Cristina Borges Guimarães
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/10/2004, Nacional, p. A-4

As expectativas do mercado financeiro em relação à inflação inverteram os sinais depois de três semanas com tendência de baixa. Pela pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza as metas do governo, aumentou de 7,13%, na semana passada, para os atuais 7,16% no ano. A alteração é mínima, mas volta a se distanciar do centro da meta de 5,5%, com flexibilidade de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

O fato decorre, em parte, da resistência dos reajustes de tarifas dos preços monitorados, tais como combustíveis, telefonia, energia e outros, cuja projeção acumulada para este ano subiu de 8,45%, há um mês, para 8,58%, na semana passada, e agora está em 8,60%.

A pesquisa de mercado estima que o IPCA deste mês será de 0,45%, com leve aumento de 0,57% para 0,58% em novembro. Já na projeção acumulada para os próximos doze meses a inflação se manterá em 6,17%. Os analistas de mercado também mantêm a projeção de 5,81% para o IPCA do próximo ano, acima da meta estipulada de 4,5%.

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), calculado com base nos preços coletados entre os dias 9 de setembro a 8 de outubro, subiu 0,12%, apresentando desaceleração de 0,04 ponto percentual (p.p.) em relação à última edição (0,16%), que teve os preços coletados entre 9 de agosto a 8 de setembro. Seis dos sete grupos apresentaram taxas de variação decrescentes nos 30 dias encerrados no último dia 8, contribuindo para a desaceleração do IPC-S. A maior influência partiu do grupo alimentação, que registrou deflação de 0,76% frente a variação negativa de 0,68% da quadrissemana anterior.

O único grupo que apresentou taxa crescente de variação, impedindo um recuo ainda maior do indicador, foi despesas diversas, que subiu 0,25% ante a alta de 0,20% da quadrissemana anterior. Os outros grupos que contribuíram para a desaceleração do IPC-S foram habitação, que passou de um aumento de 0,65% para 0,64%; vestuário, de 1,62% para 1,35%; saúde e cuidados pessoais, de 0,43% para 0,42%; educação, leitura e recreação, de 0,29% para 0,27%; transportes, de ¿0,15% para ¿0,16%.

Nesta edição, oito capitais apresentaram desaceleração em suas taxas, três aceleraram e uma manteve-se estável. A maior desaceleração foi observada em Curitiba, de ¿0,29% para ¿0,40%. Já a capital que apresentou a maior aceleração foi Goiânia, de 0,32% para 0,53%, enquanto Fortaleza manteve a taxa estável em ¿0,22%.