Título: Alemães estão de olho no Proinfa
Autor: Raymundo de Oliveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/10/2004, Energia, p. A-6

Pelo menos dez empresas alemãs estão interessadas em participar de projetos brasileiros de geração de energia por meio de fontes renováveis e boa parte delas quer entrar no negócio como investidora. Segundo a gerente de projetos da Agência Alemã de Energias Renováveis (Dena), Julia Krohn, dez empresas alemãs estão de olho no mercado brasileiro de energia renovável, principalmente no segmento de energia eólica, entre elas há pelos menos sete grandes empresas, como a Nordex, fornecedora de equipamentos e projetos em geração eólica de energia.

Segundo Julia, representantes destas empresas estarão no Brasil até depois de amanhã para encontros com empresas nacionais, principalmente as que têm projetos aprovados no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). O Proinfa vai contratar 3,3 mil MW de energia elétrica de fontes renováveis divididos igualitariamente entre pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), eólica e biomassa.

Segundo Julia, no momento, o interesse das empresas é investir no mercado brasileiro por conta do Proinfa, mas, no futuro, os negócios com créditos de carbono também representam interesse de investidores alemães no parque de geração de energia renovável brasileiro. "A Alemanhã é o maior país em uso de energia renovável com mais de 15 mil MW instalados e isto nos capacita com muito know how e interesse para investimento neste setor", afirma.

Para o empresário alemão Jürgen Beigel, dono da JB E.M.S., uma das dez empresas alemãs que estão no País para contatos com investidores do setor, um dos maiores interesses no momento é participar dos empreendimentos que serão contratados no Proinfa. Segundo Beigel, como o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve alcançar em média 70% dos valores que serão investidos nos projetos, há interesse de investidores alemães e de outros países da Europa em participar como complementar aos investimentos que serão necessários para concretizar os projetos. "Há investidores europeus interessados em atuar no mercado brasileiro de energia renováveis, que tem grande potencial de crescimento", diz.

Beigel afirma que o único problema do Proinfa é o prazo para a entrada em operação dos projetos, no máximo até 31 de dezembro de 2006. Segundo ele, este prazo pode se tornar curto diante das dificuldades para concretizar os financiamentos e depois concluir as obras para que as usinas começem a gerar energia até o último dia de 2006. Segundo Beigel, no segmento de energia eólica, há interesse de empresas alemãs em fornecer equipamentos para os projetos que serão contratados pelo Proinfa e o volume de contratos pode decidir pela instalação de unidades no Brasil para atender o mercado.