Título: Apesar das explicações, Rússia mantém embargo
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Fonte: Gazeta Mercantil, 14/10/2004, Agribusinnes, p. B-12

Mesmo depois de toda a argumentação da comitiva brasileira, liderada pelo vice-presidente José Alencar, o governo russo manteve o embargo à importação da carne brasileira. Segundo o primeiro-ministro russo Mikhail Fradkov, será preciso ainda mais tempo para que seja tomada uma decisão. Fradkov deu a declaração, ontem, após a terceira reunião da Comissão Brasileiro-Russa de Alto Nível de Cooperação, em Moscou.

Segundo o ministro da Agricultura russo, Alexei Gordeyev, a Rússia não suspenderá o embargo às importações de carne brasileira por, no mínimo, três meses.

A delegação brasileira foi à Rússia esta semana para tentar convencer Moscou a acabar com a barreira imposta no dia 20 de setembro, após o registro de febre aftosa no Estado do Amazonas. A Rússia é o maior importador de carne bovina e de porco do Brasil e um grande importador de frango. "Nós não retomaremos (as importações do Brasil) num futuro próximo. Acredito que as restrições permanecerão por, pelo menos mais três meses", disse Gordeyev.

O ministro da Agricultura russo declarou ainda que o tipo de febre aftosa encontrado no Brasil não é visto na Rússia ou na Europa há anos, tornando qualquer surto nesta parte do mundo altamente perigoso para os animais.

O chefe do Serviço Federal de Inspeção Fitossanitária e Veterinária russo, Sergei Dankvert, afirmou na segunda-feira que a falta de vacinas na Rússia para conter o tipo de vírus descoberto no Brasil poderia impedir a suspensão parcial ou total do embargo.

A questão fitossanitária da carne é o ponto de maior divergência. As autoridades russas vetaram a compra da carne depois da confirmação de um caso de febre aftosa no Amazonas, região que não é exportadora. O vice-presidente, que co-presidiu a reunião, disse que o governo não forçou uma decisão dos russos e voltou a destacar que as empresas precisam conhecer o processo brasileiro. "Esse problema não existe no Brasil e, por isso, estamos tranqüilos", destacou Alencar.

O governo brasileiro entregou ontem aos russos um relatório com mais de 300 páginas com informações sobre os métodos sanitários adotados na produção.