Título: Concentração prejudica a melhoria do serviço
Autor: Bonfanti, Cristiane; Garcia, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 03/04/2011, Economia, p. 15

Número de companhias em funcionamento caiu de 2.723 para 1.618 em pouco mais de uma década. Apesar de numerosas, apenas 36 atendem 50,3% dos beneficiários

Especial para o Correio

Os problemas financeiros enfrentados pelos planos de saúde e odontológicos acenderam o sinal amarelo para o setor. Diante do aperto da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o segmento deverá enfrentar um movimento cada vez mais difícil, o da falta de concorrência. Desde 2000, o número de operadoras em funcionamento caiu 40,6%, de 2.723 para 1.618. Hoje, um conjunto de 36 planos de saúde é responsável por 50,3% dos beneficiários. As 11 maiores respondem por 31% dos clientes. Estudo da Latinlink Consultoria projeta que, em 2015, as 10 maiores operadoras vão atender 60% dos consumidores, num processo acelerado de concentração.

¿Nós precisamos de empresas fortes, com musculatura para atender a população. Mas não podemos ter oligopólios. Essas mudanças demandam controle por parte do governo, inclusive da própria ANS, para que não haja formações de cartéis e riscos para o consumidor¿, afirma o presidente da consultoria e ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Ruy Coutinho.

O diretor-adjunto de Normas e Habilitação de Operadoras da ANS, Leandro Fonseca, reconhece a tendência. ¿Para atuar nesse mercado, é necessário ter uma boa gestão econômico-financeira. Há um conjunto de empresas no universo atual que, provavelmente, não conseguirá seguir as regras da reguladora. Entendemos como um movimento natural do mercado o processo em que as operadoras se tornam mais robustas e adquirem maior capacidade de gestão¿, diz.

Acostumada com a burocracia para receber autorização para exames, principalmente neurológicos, a aposentada Maria Luiza Camargo, 61 anos, considera negativo o ritmo de fusão dos planos. ¿Quanto menor a concorrência, pior será o atendimento. Hoje, pago caro e sou desrespeitada. Vai piorar¿, acredita. Ela reclama que os convênios só cobrem procedimentos básicos. ¿Na hora da contratação, as administradoras apresentam uma facilidade enorme. Quando precisamos, dá tudo errado¿, observa.