Título: UE espera proposta melhor ainda esta semana
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Fonte: Gazeta Mercantil, 19/10/2004, Internacional, p. A-8

O Mercosul precisa melhorar sua proposta à União Européia esta semana, no que pode ser a última oportunidade para que os dois blocos consigam fechar um acordo de livre comércio antes do prazo final de 31 de outubro próximo, disse um porta-voz da Comissão Européia. "Conseguir fechar um acordo em um período de tempo tão curto como esse" exigirá "muito esforço e flexibilidade da parte do Mercosul", disse a jornalistas em Luxemburgo Grego Kreuzhuber, porta-voz do comissário para a Agricultura da UE, Franz Fischler.

Fischler e o comissário para o Comércio da UE, Pascal Lamy, se encontrarão com os ministros das Relações Exteriores do Paraguai, da Argentina, do Brasil e do Uruguai dentro de dois dias para tentar resolver o impasse nas negociações que visam criar a maior área de livre comércio do mundo, que abarcaria 600 milhões de pessoas. Fischler disse em 5 de outubro passado que não seria possível concluir as negociações dentro do prazo.

A UE e o Mercosul querem firmar um acordo que estabeleça a redução das tarifas ou das cotas que a UE fixou para produtos do Mercosul como o trigo, a laranja e a carne bovina em troca de um aumento das oportunidades de investimento e da concessão de contratos governamentais para empresas européias no maior bloco comercial da América do Sul. "Há uma questão política para o Brasil, a respeito de até que ponto o país está disposto a abrir seu setor de serviços", disse Kreuzhuber durante uma reunião mensal de ministros da Agricultura e da Pesca dos 25 países-membros da UE em Luxemburgo.

O Mercosul "voltou atrás" em relação a concessões anteriores para o setor de agricultura em sua última proposta de setembro, disse ele. Por exemplo: o bloco retirou o reconhecimento de indicação geográfica protegida de alguns produtos da UE, como a denominação "presunto de Parma", que só deveria ser utilizada para os presuntos produzidos na região de Parma, na Itália, disse Kreuzhuber.

O Mercosul também reafirmou uma condição relativa aos subsídios agrícolas concedidos pela UE que a CE acreditava ter sido deixada a cargo da OMC, disse Kreuzhuber. O comércio entre as regiões movimentou US$ 51,8 bilhões em 2003. O Mercosul, que exporta para a UE 25% de tudo que comercializa no exterior (mais da metade em produtos agrícolas) quer que a UE compre mais soja, carne bovina, carne suína e grãos de seus produtores.