Título: SGB também terá funções estratégicas
Autor: Virgínia Silveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/10/2004, Telecomunicações & Informática, p. A-12

As especificações técnicas e a missão do projeto serão concluídas em meados de 2005. O Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), concebido inicialmente para atender as necessidades de comunicações e controle de tráfego aéreo da área militar, vai também priorizar as demandas de governo voltadas para as áreas de segurança, saúde, educação e apli-cações estratégicas. O estudo de viabilidade do projeto já foi concluído e agora, sob a coordenação do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), estão sendo elaboradas as especificações técnicas do satélite.

O trabalho, previsto para ser concluído em meados de 2005, vai definir a configuração do satélite e sua missão, de acordo com as demandas definidas por vários ministérios e a Agência Brasileira de Inteligência.

Essa fase do projeto, orçada em R$ 10 milhões, está sendo executada pela empresa Atech e o CPqD. Os recursos são financiados pelo Fundo Setorial de Telecomunicações (Funttel), gerido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O projeto SGB prevê a construção de dois satélites com custo estimado de US$ 592 milhões e vida útil de 15 anos. O valor também inclui a parte do lançamento, seguro e a infra-estrutura de apoio em solo.

O satélite será fabricado por empresas internacionais. A concorrência, de acordo com o coordenador do projeto SGB, coronel Cosme Roberto Moreira da Silva, do CTA, deverá ser lançada no segundo semestre de 2005, mas o fornecimento do SGB-1 está previsto para o final de 2006. De acordo com o cronograma inicial do projeto, o segundo satélite seria lançado no início de 2009.

No primeiro workshop organizado para discutir o projeto, no último dia 8, decidiu-se incluir uma aplicação de meteorologia e também a criação de um modelo operacional que faria a parte de gerenciamento do satélite (telemetria, rastreamento e controle). Neste caso, a Telebrás pode ser uma opção, mas essa hipótese não foi confirmada pelo CTA.

Segundo o coronel Cosme, a natureza da instituição que será proprietária do satélite, bem como de quem será a responsabilidade pela operação e a comercialização do sistema, ainda não foram definidas. "Não sabemos se essas atividades serão desenvolvidas com pessoal próprio do governo ou através de terceiros." Outra questão é o tipo de envolvimento de outros países da América do Sul no SGB.

Durante o workshop também foram apresentados os estudos de oportunidades de desenvolvimento do satélite por empresas brasileiras e as contrapartidas feitas pelo CTA, além de estudos de posições orbitais favoráveis para o satélite.

"Existe um grande interesse do governo em se maximizar a participação da indústria nacional no projeto do SGB". De acordo com o coordenador do projeto, o envolvimento das empresas brasileiras pode se dar tanto através da transferência de tecnologia pelos grandes fabricantes de satélites, como também pelo desenvolvimento de componentes e também por meio de offset (contrapartidas comerciais, industriais e tecnológicas).

No próximo dia 4 de novembro os coordenadores do SGB vão apresentar detalhes dos projeto para as empresas interessadas: EADS, IAI (Israel), Alcatel (França), Alenia Spazio (Itália), Space Systems Loral (EUA), Orbital Sciences (EUA), Mitsubishi Corporation (Japão) e Agência Espacial Russa. Os russos, que têm os lançadores Soyuz e Próton, são cotados para fazer o lançamento do satélite, que terá carga útil de 4 toneladas. Caso o Brasil decida fazer satélite de menor porte, teria outras opções de lançadores como o americano Titan IV, Delta ou Atlas, o chinês Longa Marcha 2C e o ucraniano Cyclone.