Título: Expectativa do Copom reduz volume de negócios
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/10/2004, Finanças & Mercado, p. B-1
Dólar fica praticamente estável e contratos de juros futuros sobem pouco. A expectativa quanto à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, e a calmaria no cenário externo reduziram ontem o volume de negócios. Dólar e juros futuros fecharam o dia com discreta alta. O C-Bond, principal título da dívida externa do Brasil, ficou estável, vendido a 99,313% do valor de face.
No mercado de câmbio, o dólar comercial registrou uma alta de apenas 0,07%, vendido a R$ 2,859. O petróleo, um dos fatores que vinha pressionando a cotação da moeda norte-americana, ontem fechou em queda. O óleo tipo WTI, negociado na Bolsa Mercantil de Nova York, recuou 2,29%, ficando em US$ 53,67 o barril.
A tendência do câmbio, segundo analistas, continua sendo de depreciação por conta de fatores como o crescimento das captações externas e o superávit comercial recorde. A balança comercial acumula um saldo positivo de US$ 26,8 bilhões no ano até a terceira semana de outubro, segundo dados divulgados ontem. A projeção do câmbio para 2004, segundo pesquisa de mercado feita pelo BC e divulgada nesta segunda, é de um dólar cotado a R$ 2,95 no final do ano. Há quatro semanas, o mesmo boletim apontava um câmbio a R$ 3,02.
Os juros futuros, negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), subiram discretamente em dia de poucos negócios. Os contratos com vencimento em abril de 2005, os mais negociados, com um giro financeiro de R$ 8,2 bilhões, fecharam em 17,23% ao ano, contra 17,19% do fechamento da sexta. "Os juros não oscilaram muito porque já existe um consenso de que o Copom vai subir a Selic em 0,25 ponto e os ajustes nos contatos já foram feitos", explica Carlos Cintra, gerente de renda fixa do banco Prosper.
A expectativa quanto à alta da Selic foi confirmada pela pesquisa do BC. Empresas e instituições financeiras continuam apostando no gradualismo do Copom e indicam uma alta de 0,25 ponto percentual ao longo das próximas três reuniões deste ano. Com isto, a Selic fecharia 2004 em 17%. Surpresa na reunião do Copom que termina amanhã, segundo analistas, seria a manutenção da Selic.
"Qualquer aumento da taxa básica, mesmo que superior a 0,25, apenas confirma a expectativa geral e não deve ter reflexos no mercado", explica Sidney Moura, analista da corretora NGO. "Apesar de os índices de inflação terem melhorado, o BC cometeu o erro de anunciar antes que elevaria gradualmente a Selic e agora fica difícil fugir deste compromisso com o mercado."
Embora os dados sobre inflação em setembro da Fundação Getúlio Vargas/SP e da Fipe - IPC de 0,26% e de 0,21%, respectivamente - mostrem desaceleração, a perspectiva é de nova escalada dos preços neste mês. Segundo o boletim do BC, o IPCA deve acumular em 2004 uma alta de 7,16%, acima dos 7,13% estimados no levantamento anterior. Para 2005, as apostas continuam indicando uma elevação de 5,81% para o índice utilizado pelo BC no sistema de metas de inflação.