Título: Receita com as vendas externas bate recorde
Autor: Gustavo Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/10/2004, Indústria & Serviços, p. A-9

As usinas exportaram o equivalente a US$ 3,875 bilhões de janeiro a setembro mais que em todo o ano de 2003. A indústria siderúrgica brasileira registrou um recorde na receita obtida com as exportações entre janeiro e setembro deste ano. No período, a receita com vendas externas atingiu US$ 3,875 bilhões, montante 41,4% superior que o registrado em igual período de 2003. Segundo o vice-presidente executivo do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo de Mello Lopes, o resultado já superior ao alcançado em todo o ano de 2003, quando a receita atingiu US$ 3,86 bilhões, recorde anual até então. Esse recorde, na avaliação de Lopes, foi causado pela elevação dos preços mundiais e pela melhoria do mix de exportação, com a venda de itens de maior valor agregado (produtos acabados), em detrimento dos semi-acabados.

De janeiro a setembro, as exportações de aços planos cresceram 27,3% e somaram 2,92 milhões de toneladas e as de aços longos aumentaram 3,4% e totalizaram 1,55 milhões de toneladas. Enquanto isso, as vendas externas de semi-acabados recuaram 12,5% e totalizaram 4,88 milhões de toneladas.

Em volume, as vendas externas totais somaram 9,35 milhões de toneladas, 0,2% a menos que as 9,37 milhões de toneladas no mesmo período de 2003. O aumento da venda de produtos de maior valor deveram-se, em grande parte, à entrada em operação de novos laminadores e linhas de revestimentos de aço no País, na Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), Vega do Sul e Galvasud. O setor também registrou recorde nas vendas internas de laminados durante o mês de setembro, com a venda de 1,61 milhão de toneladas, aumento de 33,8% em relação a setembro do ano anterior. Até setembro, as vendas internas de laminados alcançaram 13,49 milhões de toneladas, 19% a mais que no mesmo período do ano anterior. As vendas internas de laminados deverão crescer cerca de 14% neste ano, avaliou o vice-presidente do IBS.

O resultado, disse Lopes, é reflexo do aumento da demanda de setores intensivos no consumo do aço, como de bens de capital (máquinas e equipamentos) e bens de consumo duráveis, como a indústria automotiva, que por sua vez alavanca os negócios dos fabricantes de autopeças. Segundo ele, as "pseudo-faltas de aço" também contribuíram para a obtenção do recorde, pois levaram a uma formação de estoques de segurança.

Segundo o executivo, o mercado interno não sofrerá com o desabastecimento de aço neste último trimestre do ano e em 2005.

"O setor tem redirecionado parte do que iria para as exportações para o mercado interno quando isso se faz necessário, mesmo à um preço inferior", disse Lopes. Para ele, o novo ciclo de investimento do setor irá reduzir este risco. A indústria siderúrgica vai investir US$ 7 bilhões (entre 2004 e 2008) para aumentar a capacidade de produção do parque industrial já constituído dos atuais 34 milhões para 44 milhões de toneladas de aço em 2008. "O setor está se antecipando com essas 10 milhões de toneladas adicionais para atender às perspetivas do mercado interno e a posição forte do Brasil no mercado internacional", disse Lopes.

Segundo ele, o setor está preparado para atender à qualquer crescimento na demanda. "Os problemas de desabastecimento são pontuais, por falta de programação dos consumidores. Existe um ciclo de produção que precisa ser respeitado. Comprar aço não é como comprar na prateleira de um supermercado. Tendo previsibilidade não existe problema", disse Lopes.

Segundo ele, 55% das vendas dessa indústria são direcionadas ao mercado interno e 45% para o externo. "É um volume alto, gostaria que o interno demandasse mais", disse. Segundo ele, o consumidor brasileiro é privilegiado. "Em algumas partes do mundo existe falta de aço. O Brasil está abastecido e a preços competitivos, mais baixos que lá fora", disse Lopes.

A produção de aço bruto subiu 5,6% e atingiu 24,66 milhões de toneladas entre janeiro e setembro. A previsão, na estima Lopes, é de alcançar cerca de 33 milhões de toneladas neste ano, 6% a menos que em 2003. Em setembro, a produção de aço bruto atingiu 2,801 milhões de toneladas. Até setembro, a produção de laminados cresceu 11% e somou 17,36 milhões de toneladas, a produção de planos aumentou 8,8% e totalizou 10,65 milhões de toneladas e a produção de longos foi 14,5% maior e somou 6,71 milhões de toneladas.