Título: Maioria das montadoras projeta ter lucro em 2005
Autor: Sonia Moraes
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/10/2004, Transporte & Logística, p. A-11

Aumento de produção vem junto com melhoria na margem operacional. Depois de fechar 2003 com prejuízo de quase US$ 1,5 bilhão, as montadoras buscam melhorar suas margens operacionais neste ano, com o objetivo de obter lucro líquido em 2005. Enquanto a Toyota e a Fiat projetam um resultado positivo para este ano, a Volkswagen, a General Motors que não tem lucro no Brasil desde 1997 - e a Honda trabalham com a perspectiva de alcançar lucro no próximo ano.

O mesmo não acontece com a Peugeot, que prevê repetir o prejuízo de 2003 também neste ano. O percentual de lucro para 2004 será de 20% a 25% maior que em 2003 e em 2005 a meta é que seja ainda maior, disse o presidente da Toyota Mercosul, Hiroyuki Okabe, durante o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, que abre para o público no próximo dia 21.

Para suprir a demanda do Corolla e da station wagon Fielder, que tem fila de espera, a Toyota vai destinar um investimento adicional de R$ 8 milhões para a fábrica de Indaiatuba, interior de São Paulo, a partir de 2005.

A quantia é para a área de pintura - com isso será aumentada em mais 30 unidades a produção diária da fábrica, de 250 para 280 unidades. "Esse aumento só terá reflexo a partir de fevereiro de 2005", disse Okabe. A Toyota que tem 3,5% de participação no Mercosul, quer elevar sua fatia para 10% em 2010.

Em 2005, a estimativa de venda da empresa, segundo o vice-presidente Luis Andrade Junior, é de vender mais de 100 mil carros por ano no Mercosul. "Estamos decolando com força e vamos ser uma das principais marcas da região", destacou Andrade.

Desde o seu lançamento em agosto de 2002, o Corolla já tem 40% de participação no seu segmento. A perua Fielder, que foi lançada em maio deste ano, tem 75% de participação. Já a Honda prepara a implantação do terceiro turno na fábrica de Sumaré - expediente que será cumprido somente na linha de pintura para o próximo ano. Isso fará com que a produção suba de 240 para 300 carros por dia.

"Estamos trabalhando com perspectiva de aumento de demanda para 2005", disse o diretor da empresa, Kasuo Nozawa. Desde que iniciou suas atividades no Brasil em outubro de 1997, a Honda já investiu US$ 300 milhões na fábrica de Sumaré. Kazuo destacou que o lançamento de um novo modelo para no Brasil ainda está em estudo, sem data definida. "Ainda temos espaço para crescer no Brasil com os dois modelos, o Civic e o Fit", disse. As vendas da montadora, que em 2003 somaram 32 mil unidades, deverão atingir 52 mil unidades neste ano e em 2005 a meta é de vender 60 mil carros no Brasil, segundo Kazuo Nozawa. Ao exterior a Honda prevê enviar neste ano 5mil carros. Em 2005 a meta é ampliar seus embarques para 8 mil unidades.

O faturamento da Honda esperado para este ano é de US$ 1,8 bilhão. Do total US$ 500 milhões serão provenientes da venda de automóveis e US$ 1,3 bilhão com motocicletas. Em 2003, os automóveis participaram com US$ 350 milhões no faturamento da empresa.

Fiat volta operar no azul Fiat

A Fiat Automóveis, que em 2003 fechou com prejuízo de US$ 100 milhões, volta a operar no azul este ano e espera fechar 2004 com resultado positivo. O presidente da montadora, Cledorvino Bellini, creditou a melhora financeira ao programa de investimento interno, com a criação de 62 projetos que envolveram desde a otimização de mercado à redução de custos. Este ano foram destinados R$ 600 milhões para a empresa no Brasil e em 2005 mais R$ 600 milhões serão aplicados, disse Bellini.

Questionado sobre a retomada da liderança da empresa no Brasil, onde tem atualmente 24% de participação nas vendas de automóveis e comerciais leves, o presidente da Fiat disse que ser número um no Brasil é um fato irrelevante, pois a preocupação maior da companhia atualmente é com a qualidade de vendas e não a quantidade.

"Qualidade significa vender com lucratividade", explicou. Bellini. "Para melhorar a qualidade das vendas estamos concentrando os esforços na rede de concessionárias e no serviço de pós-vendas" completou o diretor de vendas da empresa, Lélio Ramos (a Toyota trabalha com meta de aumentar de 90 para 120 a sua rede de concessionárias em 2005).

Ao comentar sobre o mercado interno de veículos, o presidente da Fiat destacou que, para recuperar a rentabilidade, é preciso ter retorno de investimentos para atrair novos investimentos ao País e ter tecnologia moderna para garantiras exportações. "E isso se consegue com vendas internas de 2 milhões de veículos e um volume de 700 mil unidades para serem vendidas no exterior . Bellini acrescentou que não existe limite para a exportação de veículos, mas é preciso melhorar o mercado interno para garantir a competitividade no exterior. Na opinião do presidente da Fiat Automóveis, o Brasil tem condições de crescer se houver crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento da renda das pessoas. Para exemplificar Bellini fez uma comparação com outros países. No Brasil há um carro para 9 habitantes, já na Argentina a relação é de 1 para cada cinco habitantes, enquanto que nos Estados Unidos são 1 para cada 1,3 habitantes e na Europa é de 1 para dois habitantes.

A fábrica de Betim (MG) tem capacidade para produzir 2,5 mil automóveis por dia e está fabricando 1,9 mil unidades, segundo Bellini. Do volume total, cerca de 20% são modelos destinados ao exterior. "Já dobramos nossa exportação neste ano de 40 mil para 80 mil unidades e a previsão para 2005 é de enviar ao mercado externo 100 mil automóveis", disse. A montadora tem planos de aumentar as exportações do Palio Adventure, modelo que começou a ser vendido no México neste ano.

Segundo Bellini, a previsão e de enviar de 5 a 7 mil unidades do modelo para o mercado mexicano. Sobre a tendência da indústria automobilística brasileira para o futuro Bellini comentou que o Brasil tem vocação para produzir carros compactos. "Somos o quarto maior produtor de carros compactos do mundo. Por isso, é mais fácil otimizar o que já temos vocação do que criar um novo produto.

Já o presidente da General Motors do Brasil, Ray Young, disse que a tendência a curto prazo é de se produzir carros globalizados. "O grande desafio a longo prazo é de se produzir modelos brasileiros". O presidente da GM voltou a repetir que o grande desafio para 2005 será a garantia do abastecimento de componentes por parte das autopeças. "Muitas empresas estão sem capacidade para atender a um aumento de produção", destacou.

A Peugeot anuncia no Salão do Automóvel de São Paulo - que abre amanhã e vai até o dia 31 - que o seu primeiro modelo flex fuel será lançado no primeiro trimestre de 2005 para os motores 1.6 de 16 válvulas.

No final do primeiro semestre a tecnologia bicombustível, desenvolvida pela Bosch, será aplicada no carro Peugeot com motor 1.4 de 8 válvulas. Sobre o novo automóvel, o 206 SW, que será lançado no primeiro trimestre de 2005, a expectativa da montadora, segundo o presidente Bruno Grundeler, é de produzir também para exportação - os países que receberão o carro são principalmente Argentina, Chile e México.

A previsão da Peugeot é de vender neste ano 42 mil veículos. Sobre o setor automotivo, Grundeler destacou que o ano de 2003 e 2004 foram muito difíceis para as novas montadoras no Brasil por causa da desvalorização do real. "Fechamos 2003 com prejuízo e vamos repetir o prejuízo em 2004" afirmou.