Título: Azevedo é aprovado pelo senado com 37 votos
Autor: Janaína Leite
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/10/2004, Finanças & Mercado, p. B-1

O plenário do Senado aprovou ontem a indicação de Rodrigo Telles da Rocha Azevedo como novo diretor de Política Monetária do Banco Central. O placar foi favorável ao governo em 37 votos, ante seis contrários.

Azevedo substituirá Luiz Augusto Candiota, que pediu demissão em julho passado, após sofrer acusações de sonegação, omissão fiscal e evasão de divisas. O ocupante da diretoria de Política Monetária do BC é o principal formulador das políticas de câmbio e juros do País.

A vitória de Azevedo começou com atraso, às 10h46 de ontem. Nesse horário, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado deu início a uma sessão morna, com menos de duas horas de duração, para avaliar a indicação do futuro diretor do BC.

Sabatina tranquila

Todos os 20 senadores presentes votaram a favor do economista. Nenhum deles fez perguntas difíceis, com profundidade técnica, ou fora do script esperado pelo sabatinado. Pelo contrário. Azevedo esbanjou calma e, apesar do tom sério, parecia muito à vontade diante dos representantes do Legislativo.

A cena de ontem em nada lembrava as animadas sabatinas da CAE ocorridas na gestão Fernando Henrique Cardoso, quando o PT, à época oposição, garantia uma porção extra de pimenta aos debates. Agora, do outro lado do balcão, os petistas foram acompanhados pelos atuais adversários na falta de entusiasmo.

Durante sua apresentação, Azevedo elogiou a equipe econômica pelo apego ao que ele chamou de tripé da economia ¿ austeridade fiscal no longo prazo, metas de inflação e câmbio flutuante. "Depois do ajuste do primeiro ano, os números refletem os esforços positivos", disse Azevedo.

Afinado com o discurso do BC, o economista mostrou-se cauteloso ao falar sobre a política de juros. Advertiu, inclusive, sobre as pressões inflacionárias existentes no atual cenário. ¿ Neste momento vivemos sob o regime de metas de inflação. Não podemos ter dois objetivos conflitantes ¿ disse ele, ao ser questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se o Banco Central não tem agido sem levar em conta os efeitos da diminuição da taxa de juros para reativar a economia.

Alta do petróleo

Quanto às incertezas trazidas pela alta do petróleo, Rodrigo Azevedo observou ser provável uma demora na redução dos preços internacionais. Ele ponderou que a cada 10% de alta no preço do barril, os brasileiros arcam com um déficit adicional de US$ 200 milhões. No ano passado, o Brasil precisou importar US$ 2,1 bilhões em petróleo além do que produziu por aqui.

Azevedo foi político ao falar da independência do BC, mas admitiu simpatizar com a idéia. Aos 40 anos, o economista é gaúcho e doutor em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Antes de ser chamado pelo governo, trabalhava como diretor-executivo do Credit Suisse First Boston.