Título: PIB do agronegócio crescerá 3,25% em 2004
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/10/2004, Agribusiness, p. B-12

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve fechar o ano em R$ 524,80 bilhões, com um crescimento de 3,25% sobre os R$ 508,27 bilhões registrados em 2003. A renda proporcionada pela atividade agrícola é maior do que a previsão anterior, divulgada em julho último, que estimava um PIB de R$ 522,39 bilhões. O índice de expansão do PIB rural, porém, fica abaixo das projeções do governo para a economia como um todo que, segundo o Banco Central, deverá crescer 4,4% este ano.

A previsão foi divulgada ontem pelo chefe do Departamento Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Getúlio Pernambuco. E tem como base os dados dos primeiros seis meses do ano, que permitem projetar qual será o valor nominal para cada setor.

De acordo com o estudo, feito pela CNA, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o principal destaque em 2004 é o desempenho da pecuária, que deverá totalizar R$ 67,14 bilhões contra os R$ 63,39 bilhões registrados em 2003 ¿ uma elevação de 5,9%.

Clima adverso

A agricultura deve apresentar um crescimento de 3,13%, resultado que não será melhor devido aos problemas climáticos que atingiram as lavouras ¿ seca no Sul e excesso de chuvas no Centro-Oeste -e ainda pela incidência da ferrugem asiática, no caso específico da soja. Considerando a produção "dentro da porteira", agricultura e pecuária, o crescimento da renda será de 4,2% em 2004, com um total de R$ 164,92 bilhões.

Para o segundo semestre, preocupa a CNA a alta do petróleo, que deve elevar os preços dos fertilizantes nitrogenados, e a supersafra dos Estados Unidos, que já derrubou os preços de commodities como a soja. A conjunção de elevação de custos de produção e da queda nos preços recebidos pelos produtos deve, segundo Pernambuco, provocar uma inibição nos gastos com o cultivo das lavouras na próxima safra. "O cenário não é tão cor-de-rosa para 2005, especialmente 2004 foi um ano excepcional", disse Pernambuco.

Balança comercial

Os bons números deste ano se refletem na balança comercial. As exportações geraram receita de US$ 29,8 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, resultado 33,5% superior a igual período de 2003. As vendas externas devem chegar a US$ 35 bilhões em 2004 segundo projeções do chefe do Departamento de Comércio Exterior (Decex) da CNA, Antônio Donizeti Beraldo. As importações estão estáveis ¿ com leve acréscimo de 2,1% neste ano, em um total de US$ 3,61 bilhões entre janeiro e setembro. Com isso, o saldo da balança comercial deverá chegar a US$ 35 bilhões em 2004.

O bom desempenho externo foi novamente puxado pelos produtos do complexo soja (grão, farelo e óleo), que cresceram 38,3% entre janeiro e setembro. Conforme explicou Beraldo, os resultados foram gerados pelo aumento de 6,7% no volume exportado e pela recuperação dos preços médios internacionais no período, que ficou em 29,7%. As vendas internacionais de soja devem chegar a US$ 10 bilhões este ano. Também chamou a atenção no período o bom desempenho externo do complexo de carnes, que somou US$ 4,49 bilhões nos primeiros nove meses do ano, 56,9% a mais que os US$ 2,86 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.

Carne suína

O preço médio da carne suína exportada teve a maior alta: saltou de US$ 1.060,91, no ano passado; para US$ 1.448,92 por tonelada, este ano. "As exportações do complexo carnes devem atingir US$ 6 bilhões, o dobro de 2003", afirmou Beraldo. Segundo afirmou, o Brasil conquistou espaços abertos desde que foram registrados problemas sanitários em importantes fornecedores mundiais.

Beraldo ressaltou, ainda, que os dados da balança do agronegócio, relativos ao período entre janeiro e setembro, não consideram os impactos do embargo russo às carnes brasileiras, implantado em 20 de setembro, depois do surgimento de foco de febre aftosa em bovinos no Amazonas. Como foi negociada permissão para a remessa dos lotes que já estavam contratados para exportação, ainda não foi percebido movimento de queda de preços ou de volumes exportados.