Título: ANP arrecada R$ 665 milhões na Sexta Rodada de Licitações
Autor: Daniele Carvalho e Lívia Ferrari
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/08/2004, Energia, p. A-7

Dos 913 blocos de exploração oferecidos, foram arrematados 154. A Sexta Rodada de Licitações de áreas de exploração de petróleo e gás natural realizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) registrou recorde na arrecadação em bônus de assinatura, que chegou a R$ 665 milhões. A Petrobras foi o grande destaque do leilão, levando cerca de 70% dos blocos arrematados. A estatal conseguiu, sem grande dificuldade, colocar em prática a estratégia de reaver blocos perdidos e de adquirir áreas maduras consideradas importantes. O diretor-geral da ANP, Sebastião do Rêgo Barros, considerou excelentes os resultados do leilão. "Apesar do problema da liminar, mostramos que o Brasil é um país de estabilidade", comentou. Ele destacou o montante do compromisso mínimo de investimento das empresas, que ultrapassou R$ 2 bilhões.

A agência concedeu direito exploratório a 19 empresas, que levaram 154 blocos dos 913 ofertados, sendo 89 em terra, 10 em águas rasas e 55 em águas profundas. Ao todo foram arrematados 39.657 km quadrados de área. Dos 113 blocos que disputou, a Petrobras levou 107, dos quais 55 operará sozinha e outros 52 em parceria. A maior parte dos blocos (61) se localiza no mar. Para arrematar as áreas, a Petrobras se comprometeu com investimento exploratório mínimo de R$ 1,5 bilhão, que se somam aos R$ 437 milhões gastos com bônus de assinatura.

"Estamos muito satisfeitos com o resultado. Queríamos blocos no Espírito Santo, e conseguimos (10 blocos). Estávamos preocupados com Santos, e também conseguimos (11 blocos). Levamos Sergipe-Alagoas (8 blocos). Em Campos, concorremos a três e ganhamos dois, justamente na área de óleo leve da bacia", disse o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Francisco Nepomuceno. Segundo ele, a empresa conseguiu ganhar a disputa nos blocos que tinha maior interesse.

Para Rêgo Barros, um dos destaques do leilão foi a presença de pequenas e médias empresas concorrendo a áreas, principalmente em terra. "Esperamos que em um ou dois anos sejam mais de dez as empresas produtoras de petróleo e gás nas bacias maduras", comentou. Entre elas, segundo ele, está a Arbi Petróleo, braço criado pelo Banco Arbi para participar da Sexta Rodada de Licitações. De acordo com o diretor do grupo, Leo Hime, a companhia identificou boas oportunidades na exploração de petróleo e decidiu investir no setor adquirindo 10 blocos em áreas maduras da Bacia Potiguar.

"Nossa meta é investir US$ 10 milhões, entre programa mínimo de exploração e pagamento de bônus, nos próximos dois anos. Optamos por bacias maduras porque o custo de operação é mais baixo", comentou Hime. O grupo Arbi também tem investimentos na área de geração de energia, administrando 12 termelétricas que fazem parte do programa emergencial

Disputar áreas em terra também foi a meta da companhia portuguesa Petrogal, que arrematou 20 blocos na região da Bacia Potiguar (SPOT-T2, SPOT-T3 e SPOT-T4), todos em parceria com a Petrobras. O diretor da empresa, Ricardo Peixoto, conta que esta é a primeira vez que a petrolífera fará perfurações em terra, já que sua excelência está no offshore. Somente com o programa exploratório mínimo e bônus, a empresa deverá desembolsar cerca de US$ 10 milhões em dois anos. "Já estamos em quatro blocos em águas profundas na Bacia de Campos. Dos blocos adquiridos, em 12 seremos operadoras e, no restante, a operadora será a Petrobras", disse.

As pequenas empresas não foram as únicas interessadas em arrematar áreas em terra. A Petrobras também adquiriu diversos blocos na Bacia Potiguar, na Bacia do Recôncavo e na Bacia do Espírito Santo. Segundo Nepomuceno, os blocos arrematados ficam próximos a áreas que já são exploradas pela estatal. "A empresa quer aproveitar a infra-estrutura existentes nos poços maduros onde já opera para chegar a estes poços adquiridos", explicou.

Quanto à realização da Sétima Rodada, Rêgo Barros disse que a agência já está trabalhado no levantamento de informações, mas frisou que um novo round de ofertas será "feito dentro da política governamental". O comentário do diretor-geral da ANP veio como justificativa à declaração da secretária-executiva de Gás e Petróleo do Ministério das Minas e Energia, Maria das Graças Foster, que no primeiro dia de leilão disse que a próxima rodada pode não acontecer no ano que vem.

Financiamento do BNDES

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, comemorou os resultados da Sexta Rodada de Licitações da ANP, com a vitória maciça da Petrobras, "principalmente porque eram campos contíguos a campos já pesquisados pela empresa, e ela perdeu no leilão muito pouco desses lotes", disse o executivo.

Segundo Lessa, o banco estatal de fomento, se solicitado, poderá financiar os projetos. "Estamos abertos", afirmou. Para ele, as cadeias do petróleo e da construção naval são essenciais para o desenvolvimento do País. "O BNDES já tem investimentos pesados na cadeia da indústria naval e várias inserções no apoio aos segmentos de petróleo, com financiamentos a plataformas da Petrobras, a redes de gasodutos e, provavelmente, seremos chamados para outros projetos do setor", acrescentou.