Título: BR Ferrovias só recebe ajuda se entrar nos trilhos
Autor: Janaína Leite
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/10/2004, Primeira página, p. A-1

Gestão passará a ser monitorada. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) exige garantias firmes para liberar um aporte de R$ 600 milhões para recuperar a Brasil Ferrovias. Essas garantias incluem boa governança corporativa. A empresa terá de ser acompanhada por uma consultoria de gestão - a Angra Partner -, além de obrigada a implementar dois comitês, um de auditoria e outro financeiro. Hoje sufocada sob o peso de uma dívida que chega a R$ 1,6 bilhão, a Brasil Ferrovias será submetida ainda a uma "due dilligence". Isso significa que os administradores serão obrigados a se colocar à disposição de analistas e investidores, com o intuito de sanar todas as dúvidas sobre o histórico e a credibilidade financeira do negócio. A negociação foi confirmada pelo secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy.

O BNDES não está nessa empreitada sozinho. Tem o apoio do sócio majoritário da Brasil Ferrovias, a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. A maior entidade de previdência complementar da América Latina, com investimentos de R$ 58,4 bilhões -, a Previ resolveu passar um grande pente-fino na gestão de seus investimentos mais promissores. No topo da lista estavam as companhias telefônicas, mas a disposição do Palácio do Planalto em deflagrar um grande plano de recuperação das ferrovias colocou a prioridade do fundo em outros trilhos.