Título: Corrupção no Brasil continua elevada
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Fonte: Gazeta Mercantil, 21/10/2004, Internacional, p. A-8

Segundo o índice da Transparência Internacional, País ocupa o 59º lugar, entre 146. O Brasil manteve o 59º lugar no Índice da Transparência Internacional (TI), mesma colocação do ano passado: 3,9 em uma escala de 0 a 10 (em que 10 corresponde ao menor grau de corrupção). Segundo a diretora regional das Américas da TI, Silke Pfeiffer, o nível igual a 3 ou menor indica "corrupção endêmica, em que o sistema já não dispõe mais de mecanismos para lidar com a corrupção". Este é o caso de 50% dos países da América Latina. Todos os outros, com exceção do Chile e do Uruguai, têm índices menores do que 5. Este é o caso de 106 dos 146 países que foram incluídos na pesquisa deste ano. "Isso nos indica que o nível global de percepção de corrupção não melhorou substancialmente nos últimos anos, coisa que nos preocupa", disse Pfeiffer.

Finlândia e Chile, de novo

Como nos anos anteriores, o Chile classificou-se como o país latino-americano menos corrupto no levantamento de 2004, ao lado de muitos países industrializados. Segundo a organização, o Chile permanece na 20ª posição do ranking, atrás dos Estados Unidos e da Bélgica e na frente do Japão, Coréia do Sul e Espanha. Em 2003 a TI incluiu 133 países.

O Chile destacou-se por vários anos, devido às práticas transparentes e às diretrizes claras de negócios. A imagem anti-corrupção do foi reforçada em 2003 com a implantação de reformas no setor público, após uma série de escândalos envolvendo altos funcionários do setor. Na maioria dos outros países da região, a corrupção continuou endêmica, informou a organização. A Venezuela, principal produtor de petróleo na região e quinto maior exportador de óleo bruto do mundo, ficou em 114º lugar no ranking, junto com a Bolívia, país que tenta desenvolver seu setor de hidrocarboneto.

Apesar da melhora em relação a 2003, o Equador, rico em petróleo, continuou no 108º lugar. Nos países ricos em petróleo, "a contratação pública no setor de óleo está contaminada pela fuga de receitas para os bolsos de executivos ocidentais, de intermediários e de altos funcionários locais", disse o chairman da TI, Peter Eigen.

Os dois maiores países da América Latina ficaram no meio da lista deste ano. O México, outro grande produtor de óleo bruto, empatou com o Peru na 64ª posição da lista. O Uruguai classificou-se como o segundo latino-americano menos corrupto, passando da 33ª, no ano passado, para 28ª posição. Reconstrução do Iraque ameaçada

Segundo o estudo, a reconstrução do Iraque pode ser prejudicada pelo grande número de casos de corrupção. "Sem a adoção de medidas rígidas de combate ao suborno, a reconstrução do Iraque será prejudicada devido ao desvio de recursos para elites corruptas", afirmou Peter Eigen, presidente da TI. O relatório calculou que ao menos US$ 400 bilhões são perdidos para a corrupção todo ano, no mundo. O grupo, com sede em Berlim e custeado com o dinheiro de agências de desenvolvimento e de fundações, é formado por economistas, advogados, empresários e professores.