Título: Exportações do Ceará crescem 19,8% neste ano
Autor: Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/08/2004, Gazeta do Brasil, p. B-12

Os setores de fruticultura e de camarão cultivado e a indústria têxtil ainda têm vendas externas menores que as do ano passado. As exportações do Ceará cresceram 19,8% nos sete primeiros meses do ano, em relação a igual intervalo do ano passado ¿ os embarques somaram US$ 484,350 milhões (FOB), diante dos US$ 404,454 milhões de 2003. No mesmo período, as importações atingiram US$ 268,164 milhões, deixando saldo positivo de US$ 216,186 milhões na balança comercial do estado. Os exportadores cearenses negociaram em julho US$ 71,997 milhões, evolução de 15,1% sobre o mesmo mês do exercício anterior (US$ 62,578 milhões), garantindo ao setor o terceiro melhor desempenho do ano. O resultado foi inferior ao de junho, que alcançou US$ 74,302 milhões, o melhor do exercício 2004 até agora, e ao de março, US$ 72,815 milhões, mês que registrou o maior incremento do ano (47,1%).

"Os índices de crescimento vêm se mantendo em torno dos 20%, com pequenas oscilações, mas já era tempo de setores como a fruticultura, carcinocultura e têxteis mostrarem sinais de recuperação", avalia o superintendente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (CIN/Fiec), Eduardo Bezerra Neto, ao considerar os resultados satisfatórios, mas não animadores.

Participação estratégica

O setor de fruticultura embarcou o equivalente a US$ 4,891 milhões, recuo de 11,7% sobre igual intervalo do ano passado, enquanto o camarão, com vendas externas de US$ 41,574 milhões, registrou decréscimo de 9,1% e os têxteis exportaram US$ 70,143 milhões, redução de 4,5%, no acumulado de sete meses.

Para Sandro Fiúza, dono da Êxitus Consultoria e ex-presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis do Ceará (Sinditêxtil), o mercado doméstico mais aquecido abocanhou parte dos produtos, antes destinados à exportação. "Mas como ninguém quer ficar fora do mercado globalizado, as empresas estão mantendo uma participação estratégica", observa. No caso da fruticultura, especialistas avaliam que o desempenho ainda sofre os efeitos da chuva do início do ano. Eles ponderam que a colheita atrasou 30 dias.

O setor coureiro-calçadista manteve a liderança na pauta, com exportações de US$ 173,468 milhões, participação de 35,8% no global negociado no mercado externo pelo Ceará, e aumento de 27,2% sobre 2003. A castanha de caju (amêndoa e LCC), segunda colocada entre os setores, garantiu outros US$ 80,229 milhões, correspondendo a 16,6% da receita e expansão de 28,1%. Destaque ainda para confecções, com evolução de 38,2%, comparado aos sete meses do exercício anterior e vendas internacionais de US$ 10,650 milhões; rochas ornamentais, aumento de 160,7% e US$ 7,718 milhões; e demais produtos, que com evolução de 57,7% e US$ 58,085 milhões, no acumulado do ano.

As indústrias de móveis registram boa performance no ano com incremento de 438,1% ¿ embarques equivalentes a US$ 734,453 mil. O setor, de acordo com Bezerra Neto, ganha reforço agora com as primeiras exportações de pisos de madeira (tacos) para a China, destinados a residências, escritórios e prédios oficiais. Os negócios envolvem 4 contêineres, resultado da produção de pool de empresas cearenses. "Estamos conseguindo chegar ao mercado chinês", comemora o superintendente.

Pauta ampliada

O levantamento do CIN revela ainda que a pauta de exportação ganhou acréscimo de novos produtos, atingindo 726 itens, no total, aumento de 21% em relação aos 600 itens de 2003. "Esse é o fato mais extraordinário do ano", diz.

Nos sete meses as exportações para os Estados Unidos atingiram US$ 167,616 milhões, recuo de 1,8% sobre idêntico período do ano passado, mas ainda com a maior participação (34,6%) no faturamento global, seguido de longe pela Argentina, US$ 33,626 milhões, aumento de 38,3%, e 6,9% da receita total da pauta. O ano mostra crescimentos expressivos nas exportações para a Espanha, com US$ 27,350 milhões, aumento de 72,2%, comparado ao mesmo período do ano anterior; Malásia, US$ 8,005 milhões ou expansão de 981,5%; Hong Kong, US$ 7,525 milhões e 184,4% a mais; e Venezuela, US$ 7,304 milhões, incremento de 111,8% ¿ sempre considerando o exercício passado.

Nordeste exporta mais 30,1%

O Nordeste exportou no período US$ 4,296 bilhões, crescimento de 30,1% sobre o mesmo período do ano anterior. A liderança fica com a Bahia, que embarcou ao exterior US$ 2,116 bilhões, evolução de 17,8%, comparado a igual intervalo de 2003, seguido do Maranhão, com US$ 654,467 milhões e expansão de 61% no período. O Ceará, com 0,9% de participação na pauta nacional, é terceiro colocado entre os estados exportadores nordestinos e o 14 do País.