Título: Dólar cai 0,52% e fecha cotado em R$ 2,858
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/10/2004, Finanças & Mercados, p. B-1
O mercado financeiro reagiu sem sobressaltos à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, o dobro da previsão feita pela maioria dos analistas. O dólar fechou em forte queda e os juros futuros subiram, se ajustaram à nova taxa, mas de forma moderada. No cenário externo, o C-Bond se valorizou e o risco-País registrou queda.
A moeda norte-americana ficou ontem em queda de 0,52%, vendida a R$ 2,858. O dólar comercial oscilou entre a mínima de R$ 2,850 e a máxima de R$ 2,863. A queda do dólar refletiu a repercussão da decisão do Copom de elevar a Selic a 16,75% ao ano. Segundo o analista da corretora Liquidez, Mario Paiva, embora o aumento de 0,5 pp tenha surpreendido, todos sabiam que isto não era impossível. "O BC já havia deixado claro, na reunião de setembro, que suas ações seriam orientadas para combater a expectativa de inflação futura e a decisão de ontem reforça isto", diz o analista.
Cada vez mais, segundo Paiva, o mercado de câmbio está sendo orientado pelo fluxo da moeda. "O fluxo tem sido positivo, por conta de fatores como os sucessivos superávits da balança comercial, o que colabora para manter o dólar depreciado", diz o analista. "O movimento do mercado foi um resultado de uma política consistente do Banco Central." O analista acredita que o dólar deve se fixar em uma faixa entre R$2,80 e R$ 3,00.
A decisão do Copom de reforçar o aperto na política monetária também foi encarada pelo mercado como uma demonstração de força e autonomia. "O ponto mais importante do aumento da Selic foi a mensagem de que o BC é sério, duro e independente, o que agradou o mercado", diz Rodrigo Boulos, chefe da tesouraria do Banco Santos. "Nem mesmo a nova alta do petróleo conseguiu afetar o mercado de câmbio, que fechou com desvalorização da moeda." Ontem o barril tipo WTI, negociado na Bolsa de Mercadorias de Nova York, fechou com alta de 0,11%, negociado a US$ 54,47.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) as projeções embutidas nos contratos de juros fecharam o dia em alta, se ajustando à nova Selic. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de abril de 2005 - o mais líquido com um giro financeiro de R$ 18,5 bilhões - fechou em 17,46% ao ano, contra 17,19% da véspera. Os contratos de dezembro, que sinalizam a projeção da Selic a ser definida pelo Copom em novembro, indicou juro anualizado de 16,81%, ante 16,61% do dia anterior. "A curva dos juros futuros se ajustou com calma, sem grandes variações", diz Boulos, do Banco Santos.
No cenário externo, o risco-País caiu 0,58%, ficando em 485,86 pontos. No mês, o risco-País registra uma alta de 3,61%. Já o C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, se valorizou 0,19%, vendido a 99% do valor de face.