Título: Parcela atrelada ao câmbio continua a cair e vai a 12,32%
Autor: Simone Cavalcanti
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/10/2004, Finanças & Mercados, p. B-1
O estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DMPFi) chegou a R$ 771,3 bilhões em setembro, um acréscimo de 1,25% com relação ao registrado em agosto (R$ 761,77 bilhões), por conta da emissão de títulos e da incidência de juros. O destaque ficou com a redução da exposição cambial para 12,32%; no mês anterior, a participação de títulos e swaps cambiais na dívida havia sido de 13,15%. Com isso, em termos financeiros, o estoque desta dívida cai para abaixo da casa dos R$ 100 bilhões, ficando em R$ 95,03 bilhões e próximo ao patamar de dezembro de 1999.
A parcela dos títulos prefixados aumentou de 16,66%, em agosto, para 17,46%. O aumento ocorreu principalmente porque o Tesouro Nacional emitiu R$ 6 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTNs) no período analisado. Já o nível de títulos remunerados pela taxa básica de juros, a Selic, permaneceu praticamente estável em torno de 53%, mesmo com o resgate líquido de Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) de R$ 1,7 bilhão. As variações consideram as operações de swap.
O governo federal já resgatou US$ 27 bilhões da dívida cambial neste ano, incluindo papéis e contratos de swap. O total representa US$ 23 bilhões do principal e US$ 4 bilhões de juros. De acordo com o chefe-adjunto do Departamento do Mercado Aberto do Banco Central, Ivan Luís Gonçalves, vencerão em novembro e dezembro, respectivamente, U$ 700 milhões e U$ 100 milhões. Ele, porém, não adiantou se o BC resgatará ou rolará esta parte.
Dos US$ 32,76 bilhões que ainda estão no estoque, US$ 14,05 bilhões são exclusivamente de swaps, enquanto outros US$ 18,71 bilhões são de papéis da dívida pública mobiliária atrelados à variação cambial. Na comparação com toda a dívida federal interna, esse volume representa 12,32%. Para Gonçalves, o peso do passivo cambial já é "bem confortável" para o país. "É um nível tranqüilo", afirmou. Há 12 meses o percentual da dívida pública em dólares era de 24,28% - e há dois anos era de 40,67%, como se vê no gráfico.
O prazo médio de emissão de títulos públicos federais ficou em 18,1 meses em setembro, ante 13,3 meses apurados em agosto. Mas a parcela de títulos com vencimento em até 12 meses aumentou de 44,5% para 46,7% do total em setembro. De acordo com o coordenador de Operações da Dívida Pública, Ronie Tavares, o aumento do percentual desses papéis deve-se à maior colocação de Letras do Tesouro Nacional (LTNs), por conta da estratégia do Tesouro de substituição de títulos pós-fixados por prefixados. "Estamos fazendo resgates consecutivos de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) e vamos continuar com esta estratégia", disse.
No mês passado ocorreu um aumento de R$ 21,4 bilhões de títulos a vencer dentro do prazo de um ano. Isso porque os vencimentos e os resgates de títulos com maturidade até setembro de 2005, recebidos em operações de troca (R$ 17,5 bilhões), foram inferiores aos vencimentos de setembro de 2005 somados à apropriação de juros sobre títulos de até 12 meses e às emissões de papéis com até este prazo (R$ 38,9 bilhões). Na avaliação de Tavares, o mercado vem apresentando uma forte demanda por papéis com vencimento em 2005. "Esses títulos têm uma liquidez mais alta", afirmou.
Mesmo a contragosto do governo federal, o movimento do mercado secundário voltou aos patamares do início deste ano e fechou setembro com negociações médias de R$ 7,4 bilhões. Este montante foi 66,6% inferior ao registrado em agosto (R$ 22,03 bilhões). Para Gonçalves, o tempo ainda é curto para que o mercado secundário mostre resultados. "É um processo que vai evoluindo vagarosamente, não tão rápido quanto queríamos".