Título: Metal-mecânico puxa as vendas pernambucanas.
Autor: Angelo Castelo Branco
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/10/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

Exportações cresceram 18,3% até setembro, gerando ao estado uma receita de US$ 314 milhões no período. As exportações de Pernambuco experimentaram um incremento de 18,3% no acumulado dos nove meses de 2004 e de 12,8% em setembro último. "Um dos principais setores responsáveis pela excelente performance do estado é o metal-mecânico", avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Alexandre Valença, acrescentando que "um termômetro disso é que entre as líderes nas remessas para o mercado externo estão a Alcoa, a número um no ranking das empresas exportadoras, Latasa e Gerdau".

Ao todo, a receita de Pernambuco no comércio exterior foi de US$ 314 milhões de janeiro a setembro e US$ 36,3 milhões em setembro. O resultado no acumulado do ano já equivale a 76% do bolo em 2003 (US$ 410 milhões) e supera os números de todo o exercício de 2002 (US$ 319,8 milhões), 2001 (US$ 334,9 milhões), 2000 (US$ 283 milhões) e 1999 (US$ 265,8 milhões).

Além disso, verifica-se que houve crescimento em sete dos nove meses do ano - 11,8% em janeiro, 15,8% em março, 22% em abril, 30,6% em junho, 78,5% em julho e 35,2% em agosto. As exceções foram fevereiro (-24,37%) e maio (-0,07%).

Quanto aos produtos o açúcar em cana em bruto é o primeiro lugar na pauta, de janeiro a setembro, com US$ 69 milhões (incremento de 57,7%), seguido de outros açúcares, com US$ 33,1 milhões (108,6%); mangas, com US$ 13,5 milhões (no acumulado de 2003, a receita foi inexpressiva, de apenas US$ 342,5 mil), perfis de ligas de alumínio, com US$ 10,2 milhões (977,9%), lagostas, com US$ 10,1 milhões (13,5%), borracha de butadieno, com US$ 9,6 milhões (7,1%), além de tereftalato de polietileno, rolhas, tampas e acessórios de metal, camarões, combustíveis, acumuladores eletrônicos, veludos, álcool e acetato de vinila, numa lista de 100 itens.

Na análise por setor, o primeiro lugar no acumulado é dos bens intermediários (alimentos e bebidas, insumos industriais, peças e acessórios de equipamentos de transportes e bens diversos), com US$ 182,5 milhões e com crescimento na participação no valor global de 45,8% para 58,14%.

Duráveis e não-duráveis

Já os bens de consumo duráveis e não duráveis vem em segundo lugar, com US$ 111,1 milhões, mas com queda na participação, de 39,2% para 35,4%. Os bens de capital vem no terceiro posto, com US$ 11,6 milhões e também com retração na participação, de 6,1% para 3,7%.

No ranking das empresa, os 10 primeiros lugares, por ordem, são da Alcoa (US$ 19 milhões), Empaf (US$ 15,9 milhões), Fluxo Serviços Técnicos (US$ 14,9 milhões), Terphane (US$ 13,2 milhões), Sucden do Brasil (US$ 12,1 milhões), Usina Petribu (US$ 11,2 milhões), Usina São José (US$ 10,1 milhões), Petroflex (US$ 10,1 milhões), Usina Central Olho D¿Água (US$ 9,9 milhões) e Latasa (US$ 8,6 milhões).

Destinos

Em relação aos países de destino, os primeiro lugares de janeiro a setembro são os Estados Unidos (US$ 79,9 milhões), Argentina (US$ 30,2 milhões), Rússia (US$ 27,7 milhões), Nigéria (US$ 23,9 milhões) e Países Baixos (US$ 15,6 milhões).

A história da cana-de-açúcar no Brasil está ligada diretamente às raízes que estão em Pernambuco. Nestes últimos séculos, o setor sucroalcooleiro do Estado representa um dos mais importantes agri- da região. Pernambuco é o quinto produtor de cana-de-açúcar no País e a cana e seus derivados respondem por cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, gerando 35% dos empregos industriais do Estado.

O líder açúcar

O setor sucroalcooleiro em Pernambuco apresenta características bem distintas dos outros estados produtores, como a topografia acidentada na maior parte do seu território onde a produção ocorre em terrenos com colinas. O setor é grande empregador de mão-de-obra e apresenta um perfil voltado para o mercado externo, principalmente desde a implantação, em 1972, do Terminal Açucareiro no Porto do Recife. A atividade movimenta a economia de 55 municípios das zonas da mata Norte e Sul e da Região Metropolitana do Recife, num raio de 130km da capital.

O fato de ter sido sempre exportador de açúcar, desde a época de colônia de Portugal, faz com que Pernambuco marque presença no mercado internacional com mais de 50% do açúcar que produz. O principal produto da pauta de exportação de Pernambuco, respondendo por mais de 40% das exportações.

O estado vai produzir, na safra 2004/2005 um total de 1,65 milhão de toneladas de açúcar. O crescimento no total de canas esmagadas, que este ano será de 6% maior, vai garantir um aumento nas exportações de açúcar e de álcool, que provavelmente serão de 950 mil/toneladas e 100 mil metros cúbicos, respectivamente, durante a safra. Os principais mercados consumidores do açúcar pernambucano são a Rússia (62%), Estados Unidos (12,65%), Tunísia (9,92%), Romênia (3,93%), Argélia (3,54%) e Portugal (3,30%).

Toda a comercialização do açúcar do estado para o mercado internacional é realizada por grandes tradings, como a CANE, Louis Dreyfus, Coimex, E.D & F. Man e Sucrest et Denrees. O setor ganhou um reforço para a exportação do produto.

Credenciamento

A direção da Bolsa de Londres credenciou o Porto de Suape, ao Sul do Recife, para realizar exportação de açúcar refinado. O credenciamento passa a valer a partir da safra de 2005/2006. Com isso, Pernambuco passa a ser, no Nordeste, o único estado a ter os dois portos credenciados para esse tipo de negócio.

Na região apenas Maceió e Recife possuem esse certificado. "O escoamento pelo Porto de Suape é uma outra alternativa ao exportador do Estado, principalmente, para o açúcar ensacado. Essa é uma vantagem de Pernambuco, que tem um adequado escoamento portuário", afirma o presidente do Sindaçucar, Renato Cunha.

As usinas do Estado exportam três tipos de açúcar: VHP, Demerara e Refinado.Na safra 2004/2005, o setor deve moer 19 milhões de toneladas de cana. No entanto bem longe das 25,7 milhões de toneladas esmagadas no final dos anos oitenta. Para os empresários, o fato de o governo federal não cumprir com o programa da equalização canavieira, que prevê o equilíbrio competitivo entre os produtores do Nordeste e do Centro/Sul, impede que o estado volte a moer acima das 20 milhões de toneladas de cana.

"Se a equalização estivesse sendo paga a Pernambuco, que é eficiente mesmo nos terrenos em ladeira, já teríamos voltado a atingir mais de 20 milhões/toneladas por safra, com um novo equilíbrio regional. Números que eram comuns na década de 90", disse Cunha. Hoje, esse crescimento de 6% decorre, segundo ele, da racionalização de custos, avanços tecnológicos na irrigação, de salvamento de socarias e de várzeas, além da parceria com o estado na recuperação das lavouras com os programas pró-renor e pró-resul.

kicker: Dos nove setores produtivos, sete registraram crescimento

kicker2: Açúcar continua a ser o principal produto da pauta