Título: Sul garante 42% do saldo comercial
Autor: Caio Cigana
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/10/2004, Gazeta do Brasil, p. B-14

Três estados da região fecharam os nove primeiros meses de 2004 com superávit de US$ 10,6 bilhões. Os três estados do Sul fecharam os nove primeiros meses de 2004 com um saldo na balança comercial de US$ 10,6 bilhões, o equivalente a 42% do resultado obtido pelo País de janeiro a setembro (US$ 25 bilhões). Nas exportações, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná somaram US$ 18,36 bilhões. Com isso, a região se tornou responsável por 26,1% do valor embarcado pelo Brasil no período - US$ 70,27 bilhões. No fluxo inverso do comércio exterior, os três estados gastaram US$ 7,76 bilhões com importações, 17,1% do adquirido pelo País nos nove primeiros meses de 2004.

O economista da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) Alexandre Englert Barbosa avalia que o grande saldo comercial obtido pela região Sul se deve, em primeiro lugar, à particularidade de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul serem estados "primordialmente exportadores", com vendas relacionadas principalmente ao agronegócio, setor que tem garantido ao bons resultados da balança brasileira nos últimos anos.

A segunda parte da explicação, entende Barbosa, está no que chama de "encadeamento" da economia dos três estados. Isso significa que o perfil da economia e da indústria da região demanda pouca importação, já que grande parte dos insumos necessários podem ser encontrados nos próprios estados ou obtidos no próprio País. É o caso, por exemplo, da indústria coureiro-calçadista do Rio Grande do Sul, que consegue o couro no próprio País, ou do setor metalmecânico gaúcho, com a demanda de aço abastecida por produtores internos.

Paraná na liderança

Entre os três estados da região, o melhor resultado da balança foi obtido pelo Paraná, que entre janeiro e setembro exportou US$ 7,39 bilhões e importou US$ 2,94 bilhões, gerando um saldo de US$ 4,45 bilhões. O Rio Grande do Sul vem em seguida, com embarques no valor de US$ 7,44 bilhões e compras de US$ 3,78 bilhões, com uma balança positiva de US$ 3,66 bilhões. Já os catarinenses exportaram US$ 3,53 bilhões e importaram US$ 1,04 bilhão, com um saldo de US$ 2,49 bilhões.

Barbosa avalia que o saldo menor do Rio Grande do Sul em relação ao Paraná tem relação com a necessidade que os gaúchos têm de importar a matéria-prima para produção fertilizantes, uma peculiaridade inexistente no Paraná, onde os insumos são obtidos no mercado interno. Nos três estados, o grande volume de importação é petróleo.

Já nas exportações, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com os resultados de setembros, se situam entre os seis principais estados exportadores do País. Com os resultados de setembro, o Rio Grande do Sul retomou a condição de segundo exportador nacional, ultrapassando o Paraná. Os paranaenses haviam conquistado a vice-liderança - atrás apenas de São Paulo - ao final do primeiro semestre, mantendo a posição em julho e agosto. Em setembro, o Rio Grande alcançou a marca de mais de US$ 1 bilhão em exportações.