Título: Governo eleva meta do ano a 1,8 milhão de novas vagas
Autor: Edna Simão
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/08/2004, Nacional, p. A-4
Em julho, foram criados 1,2 milhão de postos formais de trabalho. Animado com a geração de empregos formais no País, o ministro do Trabalho e Emprego, Ricardo Berzoini, reafirmou ontem que a meta do governo é fechar o ano com a taxa de desemprego abaixo de um dígito. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o nível do desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País era de 11,7% em junho.
O otimismo do ministro inspira-se em números do Cadastro Nacional do Emprego (Caged). Ontem, Berzoini divulgou que, em julho, foram gerados 202.033 novos postos de trabalho formais, o melhor resultado para o mês desde 1992. Ressaltou que pelo sétimo mês consecutivo houve expansão nos empregos com carteira assinada.
No acumulado do ano, foram criadas 1.236.689 vagas. A meta do governo para geração de novos empregos foi elevada de 1,3 milhão para 1,8 milhão até o fim deste ano. Berzoini aproveitou para desmentir as denúncias de que o governo estaria manipulando os números do Caged para melhorar o desempenho eleitoral do PT nos municípios.
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros (Selic) em 16% ao ano. A decisão, segundo o ministro, não vai impedir o governo de fazer com que a taxa de desemprego no País fique abaixo de 10% ainda este ano. Segundo o ministro do Trabalho, o importante para os investidores é a determinação do governo em manter a inflação sob controle e também a retomada do crescimento econômico.
"A decisão do Copom se deu com base num conjunto de variáveis econômicas. Foi uma decisão muito bem pensada. Todos nós gostaríamos de baixar os juros. Mas, com certeza, o Copom está analisando dados da macroeconômica e eles têm técnica para isso. Não acredito que a manutenção dos juros vá prejudicar a geração de empregos", disse o ministro.
Apesar de todos os setores da economia estarem registrando crescimento no emprego formal, ganham destaque os segmentos voltados para a exportação, como, por exemplo, a produção agrícola.
A agricultura respondeu pela geração de 55,1 mil empregos formais em julho. O setor já acumula expansão de 21,72% no contingente de assalariados com carteira, o que representa 271,6 mil postos de trabalho.
Em julho, coube à indústria de transformação o melhor desempenho, com a abertura de 56 mil novas vagas. No acumulado do ano, o setor gerou 382,4 mil vagas.
Destacaram-se os segmentos de borracha, couros e peles, material de transporte, elétrico e de comunicações e alimentos. Setores ligados à demanda interna também mostraram resultados positivos. Na construção civil foram abertas 10 mil vagas. Já o setor de serviços, que apresentou aumento de 42,7 mil postos e acumula 164,4 mil vagas no ano. Por região metropolitana, todos os estados apresentaram expansão do número de trabalhadores formais.
O estado de São Paulo mostrou o maior crescimento, com a geração de 70,8 mil postos. Em seguida, aparecem Minas Gerais (31,7 mil), Rio de Janeiro (12,4 mil) e Paraná (11,8 mil). Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste despontaram, respectivamente, os estados do Pará (6,5 mil), Bahia (7,9 mil) e Goiás (5,6 mil).
O Caged é divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho e não inclui empregos públicos e domésticos. As empresas são obrigadas por lei a passar as informações ao governo.
Berzoini disse que, por enquanto, o governo não tem metas para o aumento da renda do trabalhador, já que a prioridade ainda é criar empregos. No entanto, ele revelou que pesquisas comprovam um aumento real de 9% nos salários.
Quanto à desoneração da folha de pagamento das empresas, o que deve significar um incremento na criação de postos de trabalho, o ministro disse que ainda existem divergências dentro do próprio governo sobre as medidas.
"As medidas serão anunciadas assim que for equacionada a questão da desoneração das empresas com a arrecadação previdenciária", disse o ministro.