Título: Taxa de desocupação recua para 10,9% em setembro
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/10/2004, Nacional, p. A-4
Renda sobe no mês em que desemprego atinge o menor nível do ano. A melhora no mercado de trabalho brasileiro reflete a retomada do crescimento da economia dos últimos meses. Em setembro, o desemprego ficou em 10,9% da População Economicamente Ativa (PEA), taxa inferior à de agosto, de 11,4% e aos 12,9% de setembro do ano passado, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também houve aumento no rendimento médio real de 1,7% para R$ 910,00 em relação a agosto, e de 3,2% comparado ao mesmo período de 2003.
Mas a recuperação do nível de emprego ainda está, em grande parte, mais relacionada à expansão dos setores exportadores do que à retomada da produção nos segmentos voltados para o mercado doméstico. "O resultado de setembro foi muito influenciado por São Paulo, que teve uma queda de 21% nos desocupados e aumento na renda média real de 5,7%, superior à média das seis regiões metropolitanas pesquisadas pela PME . Sem dúvida, em função do setor exportador", disse o gerente da PME, Cimar Azeredo.
De qualquer forma, a taxa de desocupação de setembro foi a mais baixa desde dezembro de 2002, quando o desemprego atingiu 10,5%. Outra boa notícia é que, paralelamente à queda da desocupação, o nível de ocupação aumentou 3,6% e a proporção de ocupados entre os brasileiros com mais de 10 anos (em idade ativa) atingiu 51,5%, o maior nível desde março de 2002. Além disso, cresceu o número de trabalhadores com carteira assinada em 1,6%, o que equivale a 117 mil pessoas a mais no mercado de trabalho. Houve estabilidade no percentual de empregados sem carteira em relação a agosto e no grupo dos trabalhadores por conta própria.
O aumento da inserção dos trabalhadores com carteira no mercado de trabalho teve reflexo imediato no rendimento médio real dessa categoria, que subiu 2,1% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado e 0,2% na comparação com agosto de 2004.
"A situação é bastante animadora em relação ao crescimento do trabalho formal e do rendimento", disse Azeredo. Outro ponto positivo apontado por ele é que a renda do trabalhador por conta própria também cresceu (1,0%) e a renda dos sem carteira assinada teve uma pequena queda de 0,9%.
De acordo com as contas da consultoria Global Invest, a massa real de salários, que é obtida através da multiplicação do número de pessoas empregadas pelo rendimento médio real, subiu 2,7% em relação a agosto e 6,9% frente a setembro do ano passado.
Para os próximos meses, a perspectiva é de queda na taxa de desemprego e correlato aumento da renda média real. É o que se conclui dos números dos últimos 24 meses. Em dezembro de 2003, ano em que a economia registrou retração de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB), o desemprego ficou em 10,9%. No mesmo mês de 2002, a taxa foi de 10,5%. Logo, a expectativa é de que, apesar da alta da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, o nível de desocupação continue em queda.