Título: Tucanos são favoritos em São Paulo e Curitiba
Autor: Luiz Orlando Carneiro e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/10/2004, Política, p. A-7

O grande adversário do PSDB, como no primeiro turno, será o PT de Luiz Inácio Lula da Silva, apontam as pesquisas. O segundo round da disputa particular entre PSDB e PT acontece no próximo domingo, quando os eleitores de 44 cidades com mais de 200 mil habitantes - incluindo 15 capitais - voltam às urnas para eleger seus prefeitos. Em dez delas - São Paulo (SP), Osasco (SP), Santo André (SP), Diadema (SP), Curitiba(PR), Ponta Grossa (PR), Vitória (ES), Cariacica (ES) , Cuiabá (MT) e Contagem (MG) os dois partidos se enfrentam outra vez.

Se os petistas se deram melhor em 1º turno, elegendo seis prefeitos de capitais, os tucanos dão sinais de que vão se recuperar no 2º turno, podendo levar, na disputa particular com o partido do presidente Lula, as prefeituras de São Paulo e Curitiba.

As primeiras pesquisas de segundo turno mostram que o PT terá de suar a camisa para conseguir êxito nas cidades em que disputa o segundo turno. Em São Paulo, cidade sobre a qual o partido depositou boa parte de suas fichas, a Marta Suplicy precisa, em uma semana, tirar uma desvantagem de pelo menos 10 pontos percentuais em relação ao tucano José Serra.

Marta teve dois abalos indiretos nesta reta final: o aliado Paulo Maluf (PP), que já havia sido indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e evasão de divisas, teve os bens bloqueados sexta-feira. O marqueteiro de campanha, Duda Mendonça, foi preso na quinta-feira e indiciado por participar de uma briga de galos.

Petistas e tucanos também se engalfinham pelo interior do Estado. Em pelo menos duas cidades consideradas berços petistas, Osasco e Santo André, a disputa promete ser acirrada.

Em Osasco, base eleitoral do presidente da Câmara, João Paulo Cunha, o petista Emídio de Souza aparece com 46,60%, contra 43,65% do tucano Celso Giglio. Em Santo André, base do líder do governo na Câmara, Professor Luizinho, a disputa também é cabeça a cabeça: João Avamileno (PT) aparece com 46,42%, contra 42,27% do tucano Newton Brandão. Em Diadema, a situação se inverte: a liderança é do candidato do PSDB, José Ramos, com 48,53%, seguido pelo petista Filippi Júnior, com 44,08%.

Saindo do Estado de origem de PSDB e PT - São Paulo - a guerra particular entre as duas legendas embola de vez. Os dois partidos disputam cada voto em Curitiba, com ligeira vantagem para o tucano Beto Richa, que venceu o petista Ângelo Vanhoni, em primeiro turno, por uma diferença de apenas 5%. Em Vitória, o candidato do PT, João Coser, está muito próximo de ser eleito. Pesquisas de 2º turno mostram uma vantagem de 30 pontos percentuais em relação ao candidato do PSDB, César Colnago - 65% a 35%.

Em Cariacica, localizada na Grande Vitória, o PT também pode eleger seu candidato: Helder Salomão aparece com 44,3% das intenções de votos, contra 29,62% dos votos declarados para o tucano Aloizio Santos. A situação se repete em Cuiabá, com o petista Alexandre César mantendo uma vantagem de 20 pontos percentuais em relação ao tucano Wilson Santos.

O grande fenômeno petista desde segundo turno é, justamente, quem os petistas não queriam ver disputando uma nova eleição: Luizianne Lins, do PT de Fortaleza. Na pesquisa Ibope divulgada sexta-feira, ela consolidou sua vantagem em relação ao pefelista Moroni Torgan - 55% a 39%.

Se em Fortaleza os petistas riem à toa, em Goiânia a situação não é nada fácil. O atual prefeito, Pedro Wilson (PT), que por muito pouco não ficou de fora do segundo turno contra Íris Rezende (PMDB), não consegue descontar a desvantagem em relação ao peemedebista. A pesquisa Ibope divulgada na última sexta trouxe Íris com 55% e Wilson com 34%. Na noite de quinta, mesmo dia em que houve um debate na Radio Difusora de Goiânia, o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, desembarcou na cidade para tentar reverter o quadro até agora desfavorável.

O PT também pode deixar, após quatro mandatos consecutivos, a prefeitura de Porto Alegre. O candidato do partido, Raul Pont, aparece com 42,7% das intenções de voto. À sua frente, com 49,1%, vem José Fogaça (PPS).

Em uma das poucas cidades em que não são adversários, mas aliados, a química entre petistas e tucanos parece dar resultados positivos. O candidato a prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Lindberg Farias, vem mantendo uma dianteira, apertada, sobre o candidato do PMDB, Mário Marques - 46% a 41%. Lindberg conseguiu incluir em seu leque de apoios não apenas o PSDB, mas o PFL de César Maia. O inimigo comum é visível: o PMDB do secretário de segurança, Anthony Garotinho.

Os tucanos também enfrentam sérios apuros em algumas cidades. Pelo menos por enquanto, é praticamente inviável a eleição do líder do PSDB na Câmara, Custódio Mattos, para a prefeitura de Juiz de Fora (MG). Ele aparece com 29% das intenções de voto, contra 51% do petebista Alberto Bejani. Em Bauru (SP), as dificuldades se repetem, só mudando o partido adversário: o tucano Caio Coube aparece com 31% das intenções de voto, 23 pontos percentuais atrás do pedetista Tunga Angerami.