Título: Cereal não transgênico abriu portas para o Brasil
Autor: João Mathias
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/10/2004, Panorama Setorial, p. A-10

Após vários anos voltado para o mercado interno, o setor brasileiro de milho começa a dar sinais de que avança no comércio exterior. O salto ocorreu em 2001, quando foram registrados embarques de 5,629 milhões de toneladas. No ano anterior, as remessas de milho haviam somado apenas 6,7 mil toneladas. Em valor, aumentou, em igual período, de US$ 9,366 milhões para US$ 497,328 milhões. Obedecendo a um movimento cíclico do mercado, o registro de preços melhores no ano anterior levou a um aumento da produção na safra 2000/01. O incremento do volu-me acabou também motivando a ampliação dos embarques para o comércio internacional.

A iniciativa privada, por sua vez, direcionou parte de suas estratégias para as exportações, que eram estimuladas pela boa aceitação do milho brasileiro pelo mercado mundial. A qualidade da moagem do produto e a condição de livre de transgênico foram alguns fatores que mais contribuíram no período para a aceitação do cereal nacional em algumas regiões do mundo.

A evolução das exportações do grão - milho para semeadura, milho em grão, milho, exceto em grão, segundo denominação da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MIDC) - contabilizou uma queda acentuada de 351,116 mil toneladas, em 1996, para 6,7 mil toneladas em 2000. Em igual período, a receita caiu de US$ 71,776 milhões para US$ 9,366 milhões.

Entre 2000 e 2001, houve uma expressiva recuperação. A receita aumentou de US$ 9,36 milhões para US$ 497,328 milhões, sob sistema de prêmios entre US$ 4 e US$ 6 por tone-lada sobre a commodity americana. Com essas cifras, as exportações de milho transformaram-se em uma alternativa de venda, para complementar o mercado interno, para um efetivo canal de comercialização com potencial de alavancar a atividade agrícola do cereal.

Negócios com o Japão

Naquele período, o Brasil também passou a exportar milho para o Japão, aproveitando uma brecha nas importações japonesas do grão americano. O Japão temia a presença do milho transgênico Starlink, desenvolvido pela Aventis CropSciences, nas cargas dos EUA. O consumo humano, desse tipo de milho, é proibido no Japão devido à reação alérgica que pode provocar.