Título: Petróleo bate novo recorde e derruba cotação do dólar
Autor: Silvia Araújo
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/10/2004, Finanças e Mercados, p. B-1

Novos recordes das cotações do petróleo foram responsáveis pela inversão de tendência dos principais ativos financeiros cotados no mercado doméstico. Um dos mais sensíveis ao avanço do óleo foi o dólar. A moeda norte-americana depois de registrar dois dias de baixas expressivas, voltou a subir. Nas últimas ofertas, o dólar comercial era vendido a R$ 2,871, uma alta de 0,45%.

Alguns operadores do setor de câmbio, no entanto, consideram que o repique registrado na sexta-feira não vai interferir na tendência de queda da moeda no curto prazo. Segundo esses profissionais, apesar da alta do petróleo, o fluxo positivo, por conta dos sucessivos recordes no superávit comercial, continuamente favorável segue balizando o câmbio doméstico.

O barril de petróleo tipo WTI, negociado na Bolsa de Mercadorias de Nova York, fechou na sexta-feira cotado a US$ 55,17, com valorização de 1,28%. Ao longo da sessão, o preço do petróleo chegou a US$ 55,50. Um dos motivos da alta, conforme analistas internacionais afirmaram, foi o avanço de 9,1% da economia chinesa no terceiro trimestre do ano, acima da estimativa de 8,9%. A leitura é de que a expansão chinesa, combinada à expectativa de um inverno rigoroso no Hemisfério Norte, comprometa parte do abastecimento.

O mercado acionário também foi comprometido, acompanhando a performance negativa das bolsas norte-americanas. O Índice Bovespa fechou em baixa de 140%, aos 22.735 pontos. Em Nova York, o Dow Jones recuou 1,09% e o Nasdaq, 1,97%. O desempenho doméstico só não foi pior em razão de uma nova rodada de indicadores favoráveis da economia nacional. A exemplo dos índices divulgados ao longo da semana, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) mostrou desaceleração. Em outubro, o indicador apontou alta de 0,32%, contra 0,49% de setembro. A taxa de desemprego também foi favorável, ao recuar para 10,9% em setembro, contra 11,4% em agosto.

O crescimento do emprego e da renda, embora positivo do ponto de vista macroeconômico, torna-se um possível foco de inflação, caso se transforme em aumento de demanda. Esse temor, segundo especialistas, pode ter sido um dos motivos que levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) a ajustar a Selic em 0,50 ponto percentual na semana passada.

Diante dessa leitura, os juros futuros, negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), manteve o ritmo de correção, para cima, das taxas projetadas no mercado. Os contratos com vencimento em abril de 2005, os mais líquidos com um giro financeiro de R$ 16,6 bilhões, apontou um juro anualizado de 17,53%, contra 17,44% de quinta-feira. No mercado externo, o principal título da dívida do Brasil, o C-bond, apresentou uma desvalorização de 0,25%, vendido a 98,75% do valor de face. O risco-País subiu 0,81%, atingindo os 489,80 pontos-base. No mês, o risco já apresentou uma alta de 4,46% e no ano chegou a subir 5,72%.kicker: A moeda norte-americana apresentou valorização de 0,45%, vendida a R$ 2,871