Título: Mercado revê inflação e PIB para 2005
Autor: Janaína Leite
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/10/2004, Nacional, p. A-4

Petróleo deverá desacelerar a atividade econômica e o IPCA fica no limite da meta prevista. Em 2005, a atividade econômica no Brasil vai desacelerar, por conta da alta do petróleo. A projeção é do mercado financeiro. Em pesquisa feita pelo Banco Central (BC), divulgada ontem, as apostas ficaram centradas na queda do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de tudo o que é produzido no país em um determinado período. Na média, crêem os economistas das cem instituições financeiras consultadas pelo BC, o PIB do próximo ano vai aumentar em 3,5%. Há quatro semanas, eles estavam mais otimistas. A taxa de expansão esperada para o mesmo intervalo era de 3,55%.

As perspectivas dos economistas também pioraram quanto à inflação. Eles prevêem, em média, um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,89% em 2005, ou seja, na banda superior da meta de inflação adotada para o período. Até o final deste ano, a expectativa é de 7,18%, raspando no teto da meta, fixado em 8%.

"A elevação do petróleo é como um imposto. Mexe em todas as outras variáveis da economia e reduz os investimentos ¿ explica a economista-chefe do Banco Espírito Santo (BES), Sandra Utsumi. "E o ajuste no mercado interno ainda não está terminado. Trabalhamos com a possibilidade de novas altas dos juros", disse ela. Desde o último dia 20, a taxa de juros corresponde a 16,75% ao ano, iguais a 0,5 ponto percentual além do que vinha sendo praticado até aquela data.

Há um mês, os pesquisados pelo BC jogaram suas fichas em um crescimento de 4,13% na produção industrial brasileira, em 2005. É menos do que os 4,17% registrados na semana passada. O percentual, no entanto, ficou abaixo da estimativa de 4,5%, registrada há duas semanas, antes do anúncio do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), que decidiu pela subida dos juros básicos.

"Não sei se houve tempo para os agentes de mercado terem lançado na atual projeção a alta integral dos juros. É provável que os números do próximo levantamento sejam ainda mais conservadores", disse Sandra. "Se houvesse uma ação pronta e isenta do BC, talvez o Brasil conseguisse escapar do desgaste de conviver, por um período tão longo, com juros em trajetória ascendente." Mesmo sem ter repassado o ajuste do Copom, cresceu a estimativa dos juros para este e para o próximo ano. O consenso mostrou uma taxa de 16,29% até o final de dezembro, ante 16,33% no acumulado de 2005.