Título: Fusão cria Mittal, o maior produtor...
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Fonte: Gazeta Mercantil, 26/10/2004, Indústria & Serviços, p. A-11

A Ispat International possui operações em 6 países (na América do Norte e na Europa) e tem capacidade de produção de cerca de 18 milhões de toneladas anuais. As vendas para este ano estão estimadas em US$ 8,3 bilhões. Já a LNM Holdings possui unidades fabris em oito países (na Europa, Ásia e África). A capacidade produtiva da empresa é de cerca de 32 milhões de toneladas. Seus executivos prevêem faturamento global da ordem de US$ 14,5 bilhões. A família Mittal possui 77% da Ispat International e 100% da LNM Holdings que, de acordo com seus executivos, não possui dívidas. Lakshmi Mittal, de 54 anos, é o quinto homem mais rico da Grã-Bretanha, com uma fortuna acumulada de 3,5 bilhões de libras esterlinas.

A nova siderúrgica terá sede em Roterdã, na Holanda. De acordo com cálculo de especialistas, o valor de compra do International Steel Group (ISG) é de US$ 42 por ação, um ágio de 42% em relação ao preço dos papéis na Bolsa de Nova York (Nyse) na última sexta-feira. Os acionistas da ISG deverão receber US$ 21 por ação em dinheiro além de um determinado volume de ações da Mittal Steel - a quantidade será definida pela média do valor dos papéis nos próximos 20 dias. Além de Nova York, as ações da nova gigante siderúrgica serão listadas na Euronext, de Amsterdã.

O indiano Lakshmi Mittal vai comandar as operações mundiais da Mittal Steel. O atual presidente do International Steel Group (ISG), Wilbur Ross (um dos principais acionistas do grupo), será membro do conselho da nova empresa, enquanto o presidente da siderúrgica norte-americana, Rodney Mott, vai comandar as operações do grupo nos EUA.

Mittal lidera hoje a consolidação de um setor que comemora o preço recorde de seus produtos - que se recuperam dos mais baixos patamares observados nos últimos 20 anos, fato que contribuiu, em 2002, para a falência dos predecessores do International Steel Group. Naquele mesmo ano foi formalizada a criação da Arcelor, que até a semana passada era considerado o maior conglomerado siderúrgico do mundo. A empresa, com sede em Luxemburgo, foi resultado da fusão entre a francesa Usinor, a Arbed, de Luxemburgo, e a espanhola Aceralia Corporación Siderúrgica.

As siderúrgicas estão fazendo alianças globais e efetuando aquisições em todo o mundo para conquistar maior participação de mercado e conseguir atender a uma fatia maior de clientes, como fabricantes de automóveis e de eletroeletrônicos. "A siderurgia permanece como uma das indústrias mais fragmentadas. Atualmente, os grandes players do setor buscam a consolidação de seus negócios", afirmou Lewis Johnson, um analista da T. Rowe Price, dos EUA.

"A formação da Mittal Steel confirma o cenário traçado por nós; acreditamos que a indústria siderúrgica, nos próximos cinco a dez anos, abrigará cinco ou seis grupos mundiais, com capacidade de produção de 80 milhões a 100 milhões de toneladas por ano", afirmou em nota Guy Dollé, presidente mundial da Arcelor. A empresa fechou o ano passado com vendas de 40 milhões de toneladas e faturamento de ¿ 29,5 bilhões.

Panorama mundial

"A transação vai mudar radicalmente o panorama da siderurgia mundial", afirmou Mittal em uma teleconferência a analistas. "Estamos criando uma potência". A combinação entre a LNM e a Ispat será concluída no final do ano; os ativos do ISG serão integrados até março do ano que vem.

De acordo com o Aditya Mittal, diretor da LNM, a fusão vai cortar custos de produção, mas o montante não foi informado. A nova empresa não deverá cortar postos de trabalho nem prevê o fechamento de fábricas. As dívidas da nova empresa serão da ordem de US$ 3,2 bilhões.

Cerca de 40% das atividades da Mittal Steel estarão concentradas na Europa; 30% nas Américas e o restante na Ásia e África.

kicker: Consolidação do setor tomou fôlego em 2002, com a queda do preço no mercado mundial