Título: GM trabalha com plena capacidade
Autor: Sonia Moraes
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/10/2004, Transporte & Logística, p. A-12

Presidente para o Mercosul acusa problemas de suprimento e pede atitude mais produtiva. A General Motors do Brasil está trabalhando no limite de sua capacidade. Segundo o presidente da empresa, Ray Young, a baixa capacidade das empresas do nível 2 e 3, que abastecem a cadeia de fornecedores, está atrasando a produção de vários modelos. "Há mais de 1.000 pessoas na fila, aguardando a entrega do Corsa hatch", disse o presidente da GM. Além deste modelo, a montadora também está entregando com atraso o Zafira Elite (com câmbio automático), e as picapes Montana e Blazer.

O presidente da GM do Brasil, voltou a enfatizar ontem durante o seminário "Setor Automotivo: perspectivas 2005", realizado em São Paulo, que "o mercado automotivo não crescerá se não tiver uma cadeia de fornecedores capacitada para atender as necessidades das montadoras". E esse assunto, disse Young, deve ser negociado conjuntamente pelas montadoras e os seus fornecedores.

No comando das operações da General Motors no Mercosul desde o dia 1º de janeiro deste ano, Ray Young, de 43 anos, projeta para o setor automotivo um crescimento de cerca de 5% sobre 2004. Índice que poderia ser maior se não houvesse dificuldades de produção na cadeia de suprimentos.

Imposto elevado

Ao fazer uma análise geral sobre a indústria automobilística brasileira, Young destacou que os acionistas estão impacientes com o baixo retorno dos investimentos e que a China, que vendeu 3,5 milhões de veículos em 2003, está ficando mais atraente.

Além do elevado índice de imposto dos veículos - cinco vezes maior que nos Estados Unidos -, da alta taxa de juros - que só perde para a Turquia -, da falta de infra-estrutura do País, outro grande fator que dificulta o crescimento do setor automotivo, segundo Young, é o baixo nível de renda do brasileiro, com somente 6,6% da população com salário acima de R$ 1,3 mil.

"A classe média vem empobrecendo e perdendo o poder de compra", disse o presidente da GM do Brasil. "Isso se percebe pelo nível de produto que é vendido pela indústria automobilística". Os carros populares representam cerca de 50% das vendas totais do setor.

Mas o Brasil tem grande potencial para se manter entre 10 maiores produtores de veículos do mundo, disse Young. "Além da melhoria econômica, dos custos competitivos, ainda é baixo o número de veículos por habitantes", exemplificou.

Como chegar à lucratividade

Sobre os planos da GM do Brasil para continuar crescendo neste mercado e atingir a lucratividade em 2005, Young destacou que a estratégia da empresa estará focada na renovação de produtos, no crescimento com vendas de peças e acessórios, e nas exportações, além de estar interada com as estratégias globais da corporação.

"O Brasil é importante para as estratégias globais da General Motors", disse Young. No ranking geral da companhia a GMB ocupa a terceira posição em produção - o primeiro lugar é da América do Norte e o segundo da Alemanha. Em resultado de vendas, a subsidiária brasileira é a 6ª colocada - atrás dos Estados Unidos, China, Canadá, Reino Unido e Alemanha.

Melhorar a imagem

Além de uma ação conjunta para melhorar o desempenho interno do setor, Ray Young sugere que a indústria automobilística, que emprega mais de 100 mil trabalhadores, dedique o ano de 2004 para mudar a sua imagem no Brasil.

"É preciso falar mais sobre a contribuição das montadoras para o crescimento do País e oferecer mais atividades para apoiar a sociedade brasileira", disse o presidente da GMB.

Para Young, a indústria automotiva deve continuar manifestando as suas preocupações com o Brasil, mas com foco mais produtivo. "Desde que estou aqui, percebi que as montadoras estão deixando de reclamar e começando a trabalhar", destacou.