Título: Tendência de piora
Autor: Martins, Victor ; Monteiro, Fábio
Fonte: Correio Braziliense, 05/04/2011, Economia, p. 12

A despeito de ter carta branca da presidente Dilma Rousseff para frear a inflação, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, está com dificuldades de enfrentar o ceticismo do mercado. No primeiro Boletim Focus (pesquisa com analistas) pós-Relatório de Inflação, divulgado ontem, a tendência de piora das expectativas mostrou que ainda há espaço para deterioração. Enquanto a projeção dos economistas é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano em 6,02%, a aposta dos profissionais que mais acertam as previsões (6,41%) pode influenciar o restante do mercado e elevar ainda mais o indicador.

Confirmadas as estimativas de inflação para este início de governo, o Brasil pode entrar para a lista de países em risco de terminar o ano com inflação acima do nível considerado tolerável. Até agora, os bancos centrais de Europa, Reino Unido, Nova Zelândia, Turquia, Chile e Austrália integram esse grupo. De 21 países que usam o sistema de metas de inflação, 12 estão com indicadores acima do centro de suas respectivas metas.

Para este ano, economistas do governo acreditam que o país ainda fique dentro da banda da meta (abaixo de 6,5%). E, apesar de o mercado não acreditar em um IPCA de 4,5% para 2012, o BC tem autorização para usar as medidas que forem necessárias para alcançar esse objetivo, sejam mais juros, sejam mais medidas alternativas (macroprudenciais). Para garantir isso, o cronograma de aperto monetário vai até o terceiro trimestre, quando a inflação em 12 meses deverá superar os 6,5%. (VM e FM)