Título: Indústria de alimentos vende US$ 164 milhões em feira internacional
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/10/2004, Nacional, p. A-6
As 250 empresas brasileiras que participaram do Salão Internacional de Alimentação (Sial 2004), maior feira mundial de alimentos realizada em Paris na semana passada, venderam US$ 164 milhões. Foi a maior participação do Brasil tanto em número de empresas quanto em volume de negócios. O presidente da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex Brasil), Juan Quirós, calcula que os contatos feitos ao longo da Sial 2004 renderão outros US$ 350 milhões em exportações nos próximos 12 meses.
"O Brasil foi o quinto país com a maior representação na feira, à frente dos Estados Unidos, China, Alemanha, Itália e Índia. Todas as nossas expectativas foram superadas", disse Quirós. Segundo ele, as 250 empresas divulgaram produtos in natura e industrializados a exemplo de cafés especiais, lácteos, confeitos, frutas, massas, peixes e mel, entre outros.
Setor de carne foi o destaque
O destaque, porém, ficou de longe com o setor de carnes. Dos US$ 164 milhões, US$ 150 milhões corresponderam à venda de carne bovina e de frango industrializada e in natura. O desempenho, informou Juan Quirós, foi resultado de uma bem sucedida ação de marketing dos frigoríficos, que realizaram uma maciça divulgação do produto e montaram uma churrascaria nas dependências da Sial.
As vendas realizadas na semana passada refletiram o bom momento do setor de carnes nacional no mercado externo. De janeiro a setembro deste ano, as exportações brasileiras somaram US$ 4,06 bilhões, valor 59,6% superior ao volume de vendas no exterior feito em igual período de 2003. O forte crescimento dos frigoríficos do Brasil no exterior consolida a posição do país como o maior exportador mundial de carne.
Os fatores que têm contribuindo para fortalecimento e valorização da carne produzida no Brasil são a firme demanda mundial e a ocorrência de problemas sanitários em importantes países produtores, como vaca louca nos Estados Unidos e gripe aviária na Ásia. "Cada vez mais nos aproximamos do objetivo de encurtar a cadeia de lucro. Havia muitos intermediários e nossa postura é a de vendermos, e não sermos comprados", disse o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli. Das 22 indústrias associadas à Abiec, 13 estiveram no Sial.
Receita de sucesso internacional
A combinação da picanha com a caipirinha foi uma das táticas usadas pelas indústrias brasileiras para atrair a atenção dos visitantes da Sial 2004. De acordo com os números da Abiec, entre o domingo e a quinta-feira da semana passada, foram servidas 600 caipirinhas diárias, aperitivo que começa a se popularizar na França. E os 500 quilos de carne reservados para o churrasco feito pela churrascaria paulista Barbacoa mostraram-se insuficientes e faltou "brazilian beef" no último dia da Sial.