Título: Acordo amplia exportações de vinhos
Autor: Guilherme Arruda
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/10/2004, Gazeta do Brasil, p. B-14

O projeto Wines From Brazil, com recursos de R$ 2,78 milhões, fará a promoção comercial da bebida fora do país. O vinho brasileiro passa, a partir de agora, a fazer parte das missões oficiais da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) no exterior sempre que houver pontos para degustação. O anúncio foi feito ontem, em Caxias do Sul (RS) pelo presidente da instituição, Juan Quirós, durante assinatura de convênio firmado com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) no âmbito do Projeto Setorial Integrado - Wines From Brazil, que somam recursos de R$ 2,78 milhões, os quais serão aplicados em diversas ações para promoção comercial da bebida fora do país, com foco nos Estados Unidos, Rússia e norte da Europa. No espaço "Bar Brazil", criado em alguns estandes da agência, a bebida costumeiramente oferecida aos visitantes estrangeiros tem sido a cachaça. "Mas em junho passado fizemos uma sessão de degustação de vinhos brasileiros na China e na semana passada outra, na maior feira de alimentos e de bebidas do mundo, realizada em Paris, ambas com grande sucesso", fez questão de frisar Quirós, ressaltando que a presença do vinho nacional nos eventos da Apex não faz parte do acordo assinado ontem.

Consórcio

O projeto Wines From Brazil nasceu dois anos atrás sob a forma de um consórcio, reunindo seis vinícolas gaúchas, sob o gerenciamento da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). No ano 2000 elas exportaram US$ 165,4 mil e no ano passado US$ 243 mil. Agora, nesta segunda fase, com o apoio da Apex Brasil e adesão de 14 entidades ligadas ao setor vitivinícola, o objetivo é estender o convênio para vinícolas de outros estados, como Pernambuco e Bahia, e ampliar as exportações para US$ 455 mil até o final de 2006, data de encerramento do acordo. "O objetivo é fortalecer a marca Brasil lá fora", sintetiza Juan Quirós. Além das seis cantinas já beneficiadas no programa (Casa De Lantier, Valduga, Vinícola Miolo, Vinhos Lovara, Vinhos Salton e Cooperativa Vinícola Aurora) já existe o interesse manifestado de mais seis vinícolas em participar. "A meta é reunir 30 empresas", previu Quirós.

Pelo acordo, a Apex Brasil participa com 1,2 milhão e a contrapartida do Ibravin é de R$ 1,580 milhão. Entre as ações já definidas e que contarão com apoio do Sebrae e Embrapa os participantes seguirão cronograma que inclui treinamento gerencial, pesquisa, prospecção de mercado, adequação da empresa, adequação dos produtos, participação em feiras e eventos, realização do Projeto Comprador (estão previstos dois) e do Projeto Imagem, que consiste em multiplicar a opinião sobre o vinho brasileiro a partir da avaliação de jornalistas e especialistas.

Consultorias

Quirós disse que a agência possui 20 empresas de consultoria internacionais contratadas procurando oportunidades de negócios. "O vinho fará parte dos objetivos destas consultorias", ressaltou. Ele prevê encerrar 2004 com a realização de aproximadamente 500 eventos de promoção de produtos brasileiros. Em 2003, de acordo com ele, os negócios realizados sob a bandeira da agência proporcionaram exportações de US$ 3 bilhões. Para 2004, a estimativa é de US$ 12 bilhões.

O presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Arnaldo Passarin, salientou que o estágio atual da viticultura brasileira propicia o acordo. "Nossos vinhos estão mais estruturados e complexos. Nossos espumantes são reconhecidos aqui e no exterior", disse, aproveitando para reclamar da invasão de produtos de baixa qualidade. "Os importados representam 68,38% do mercado interno de vinhos. No ano passado era de 53,70%", disse, fazendo um comparativo entre janeiro e setembro de 2004 com o mesmo período de 2003.

A indústria vinícola brasileira exportou no ano passado 1,3 milhão de litros de vinhos (finos e de mesa) totalizando US$ 672 mil, enquanto que no ano anterior exportou 2,2 milhões de litros, gerando negócios de US$ 1 milhão.