Título: Lula discute no Chile ingresso no Conselho de Segurança da ONU
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Fonte: Gazeta Mercantil, 23/08/2004, Nacional, p. A-4

Brasília e Santiago, 23 de Agosto de 2004 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu de Brasília com destino a Santiago, no Chile, onde vai discutir com o presidente Ricardo Lagos políticas sociais de cooperação entre os dois países. O programa "Chile Solidário", executado pelo governo, é semelhante aos projetos sociais desenvolvidos pelo governo brasileiro e pode representar um importante instrumento de cooperação entre os dois países, informou o diretor do Departamento da América do Sul do Itamaraty, ministro Ênio Cordeiro.

Segundo o ministro, "a tônica central da viagem do presidente Lula ao Chile será a política social e a cooperação dos dois países neste setor". O combate às desigualdades sociais, segundo o diplomata, é um tema que une Brasil e Chile. Os dois presidentes participarão em Santiago de um seminário sobre políticas sociais, do qual também estará presente a secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ana Fonseca.

Em entrevista publicada ontem no jornal chileno "El Mercurio", Lula defendeu "uma América do Sul integrada em um continente integrado". O presidente brasileiro disse que "as relações com os países sul-americanos são uma prioridade para meu governo".

Segundo o jornal, Lula considerou positiva a idéia de formar uma Comunidade Sul-Americana de Nações, com a aproximação do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e da Comunidade Andina. E disse que "não há contradição entre o fortalecimento do Mercosul e a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Queremos relações fortes com nossos vizinhos, mas também com os Estados Unidos (EUA), um de nossos principais sócios comerciais".

Lula disse que as dificuldades em torno das negociações para a Alca foram originadas pela resistência dos EUA em aceitar o livre comércio em produtos agrícolas e alguns industrializados, como o aço, além das divergências sobre propriedade intelectual e serviços.

O presidente Lula reiterou sua proposta de uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, do qual o Brasil é membro não permanente, da mesma forma que o Chile. Segundo ele, a ampliação dos membros permanentes e não permanentes "é imprescindível" para que o Conselho tenha sólida base de representatividade e, em conseqüência, "capacidade de atuação mais efetiva". Lula reafirmou a vontade do Brasil de ser um dos novos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, iniciativa que se espera que o governo chileno apóie oficialmente durante a visita do presidente brasileiro a Santiago.