Título: Preço do barril chega a quase US$ 50, mas recua e fecha em queda
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Fonte: Gazeta Mercantil, 23/08/2004, Energia, p. A-5

O preço do petróleo aproximou-se mais do que nunca da barreira dos US$ 50 por barril na sexta-feira, mas a pressão de alta diminuiu no fim do dia devido a algumas realizações de lucro e às expectativas relacionadas a um possível fim das hostilidades em Najaf, no Iraque. Os contratos futuros para entrega em setembro, que expiraram na sexta-feira, chegaram a ser cotados a US$ 49,40 por barril na primeira hora de atividade do mercado nova-iorquino, estabelecendo um novo patamar recorde. No entanto, na metade da sessão começaram a predominar as vendas de contratos, como reflexo da intenção dos operadores de realizar lucros na última sessão da semana.

No fim da sessão, o preço dos contratos para setembro do óleo tipo WTI ficou em US$ 47,86 na Bolsa de Mercadorias de Nova York, uma queda de 1,9%. Os contratos para outubro do petróleo WTI, que serão tomados como referência a partir de hoje, também mostraram uma tendência de alta durante boa parte da jornada, embora tenham fechado em baixa, em US$ 46,72. Os contratos para outubro do petróleo tipo Brent chegaram a registrar um máximo de US$ 45,15 na Bolsa Internacional de Petróleo de Londres, mas, depois, a tendência mudou e ele perdeu 1,8% com relação ao fechamento anterior, para fechar em US$ 43,52.

Crise em Najaf

Os mercados do petróleo estiveram atentos à grave crise em Najaf, no sul do Iraque, e tentaram interpretar como o desenvolvimento dos eventos nessa zona pode afetar o fornecimento de petróleo iraquiano. Milicianos leais ao clérigo radical xiita Moqtada al Sadr atacaram instalações petroleiras e até mesmo incendiaram na quinta-feira a sede da companhia estatal South Oil, em Basra, uma zona pela qual sai a maioria de exportações para os mercados internacionais.

Apesar das notícias que aludiam na sexta-feira à tomada do controle da grande mesquita por parte da polícia iraquiana e das autoridades religiosas, os operadores mostravam-se céticos sobre se isso significaria o fim das hostilidades que protagonizam milicianos radicais.

Os mercados necessitam comprovar que o fluxo de exportações de petróleo desse país recupera um nível próximo aos dois milhões de barris diários, como ocorria no início do mês, para se convencer de que uma grave ameaça sobre o fornecimento desapareceu. A recente sabotagem de um oleoduto que transporta petróleo até os terminais de carga do Golfo Pérsico reduziu para um milhão de barris as exportações