Título: Tarso é indicado para dirigir PT
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Fonte: Gazeta Mercantil, 24/07/2005, País, p. A6

Convidado pelo Campo Majoritário, numa reunião da tendência que que reúne a maioria dos militantes do PT, para ser candidato à presidência do partido, Tarso Genro pediu uma semana para consultar o presidente Lula e as demais forças do partido por temer que a rivalidade interna prejudique a transição.

A idéia é, ao menos, fechar um pacto de não-agressão com outras correntes do partido. Por enquanto, o Campo está sem candidato, desde que as denúncias de corrupção atingiram a cúpula do partido, que era comandado por José Genoino.

O medo de esvaziamento da eleição é tamanho que os militantes chegaram a discutir seu adiamento. Ontem, o ex-presidente José Genoino, o ex-secretário de comunicação Marcelo Sereno e o ex-tesoureiro Delúbio Soares deixaram a chapa.

- Neste momento não basta ser honesto, é preciso parecer honesto - afirmou Marcelo Sereno.

Para Tarso Genro, o PT, que está no centro da crise, tem que ''lavar roupa suja fora de casa e exibir suas entranhas para ser profundamente renovado''.

- O PT tem a responsabilidade de se exibir publicamente, mostrar seus dramas, apontar suas irregularidades e, concomitantemente, fazer um movimento pluripartidário para uma profunda reforma política no Brasil, para que o que está acontecendo com o nosso partido jamais ocorra em nenhum partido do país - afirmou Genro.

Essa renovação pregada por Tarso foi a pauta da reunião de ontem do Campo Majoritário. Apesar de indicado pela corrente, Tarso justificou que não considera conveniente a candidatura sem uma ampla negociação e prometeu procurar outras correntes, como o Movimento PT. Na reunião sugiram sugestões de troca de nome da corrente, ao qual Tarso chama de ''antiga maioria''.

Durante o encontro, o deputado federal José Dirceu (PT-SP), ex-homem forte do governo de Lula, conclamou o PT a reagir ao que chamou de desestabilização do presidente. Na reunião que discutia também sua exclusão da chapa do Campo Majoritário, Dirceu alegou que o que está em jogo é o governo federal.

- Enquanto o PT procura punição interna, a oposição fala em impeachment. Se é para cuidar de caixa dois, cadê o Ricardo Sérgio? Cadê o Fernando Henrique? - afirmou, citando o antecessor de Lula, que já foi alvo de denúncias de caixa dois, e o ex-tesoureiro de campanha do hoje prefeito José Serra (PSDB).

Dirceu afirmou que, no caso do governo federal, não há qualquer comprovação de contratos fechados de forma irregular, portanto não haveria motivos para se falar em impeachment de Lula. Segundo ele, o partido precisa mobilizar a sociedade civil e ir para ofensiva em vez de dispersar sua energia com a disputa interna. Ele negou qualquer objeção à candidatura de Tarso Genro à presidência do PT.