Título: Dirceu: 'Linchamento moral'
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/07/2005, País, p. A2
O ex-chefe da Casa Civil, deputado José Dirceu (PT-SP) se considera vítima de alguns veículos de comunicação, que acusa de estarem promovendo o seu ''linchamento moral''. Em nota divulgada na noite de sábado, afirma que alguns setores da imprensa estariam favorecendo seus adversários, embora até agora não tenham surgido provas do seu eventual envolvimento em irregularidades investigadas pelo Congresso, Polícia Federal e pelo Ministério Público ''Estou sendo sumariamente condenado em praça pública'', afirma. Faz carga contra o Jornal Nacional, da Tv Globo, a revista Veja, a Folha de São Paulo, e o Correio Braziliense.
A nota começa de forma incisiva:
''O linchamento moral ao qual estou sendo submetido nas últimas semanas é de uma covardia jamais vista na história política deste país. A frustração por não encontrar uma única evidência concreta de minha participação nas ilicitudes investigadas pelo Congresso Nacional, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, tem levado parte representativa da imprensa brasileira a fazer o jogo dos meus adversários políticos. Estou sendo sumariamente condenado em praça pública, sem direito de defesa.''
E prossegue:
''Na competição sem freios pelas denúncias, qualquer referência a mim promove a notícia do cesto de lixo para a manchete do dia. Citações desconexas de pessoas sem credibilidade são transmitidas como verdade à opinião pública, sem que meus argumentos sejam sequer levados em conta na apuração''.
A maior carga é contra a revista Veja. Segundo o deputado, a publicação abusa dessas ''citações desconexas''. Teria feito isso três vezes na edição de 27 de julho. Nas reportagens ''A chantagem'' e ''O petróleo é deles'', a contestação de Dirceu teria sido ''completamente ignorada''. Na reportagem ''Fábrica de fraudes'', Dirceu diz que sequer foi ouvido.
''Veja apresenta pessoas que supostamente teriam feito tráfico de influência como meus 'representantes'. Assume como verdade o fato, mesmo após eu ter dito que 'nunca autorizei ninguém a usar meu nome' para abrir portas no governo. Lembrei ainda que isso foi dito em relação ao ex-subchefe de Assuntos Legislativos da Casa Civil Waldomiro Diniz, mas o depoimento do próprio denunciante Carlinhos Cochoeira na CPI dos Bingos provou o contrário. '', afirma Dirceu
O ex-ministro dá outros exemplos de informações da revista, que seriam inverídicas ou que teriam sido negadas por ele, sem que esse fato tenha sido registrado
O deputado do PT também investe contra o Jornal Nacional, da TV Globo:
''Meu patrimônio moral foi massacrado em duas reportagens que totalizaram mais de 13 minutos no Jornal Nacional da TV Globo, que só no terceiro dia informou a seus telespectadores que os denunciantes eram pessoas envolvidas com a máfia do INSS que tinham o objetivo de atingir quem estava moralizando o órgão. A versão inicial foi reproduzida por toda a imprensa, mas a outra foi quase completamente ignorada'' - acusa.
Segundo José Dirceu, o jornal Correio Braziliense agiu com ''a mesma falta de consideração e respeito aos princípios básicos do jornalismo'', em reportagem publicada em 17 de julho. Cita outra reportagem do jornal que teria assumido como ''inteira verdade'', apenas a palavra de outras fontes que estariam interessadas em desmoralizá-lo.
A Folha de São Paulo tambem entra no rol:
''Considerou como dívida o reembolso de adiantamentos de despesa feito por mim ao PT, mesmo sendo esclarecida previamente. Outros veículos da imprensa reproduziram a mesma versão. Poucos tentaram me ouvir. Os que o fizeram também desconsideraram a informação correta.''