Título: PPS suspende quatro por apoio a Marta Suplicy
Autor: Wallace Nunes
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/08/2004, Política, p. A-6

A direção nacional do PPS anunciou ontem a suspensão do deputado federal João Herrmann Neto (SP), da senadora Patrícia Saboya (CE) e dos candidatos a vereador em São Paulo, Henrique Ratto e Eriedes Elias da Silveira. Segundo a direção da legenda, os correligionários foram excluídos temporariamente das atividades do partido por terem organizado no dia 7 de agosto um ato em apoio à candidatura de Marta Suplicy (PT), desobedecendo a decisão da sigla que, em convenção municipal, abriu mão da candidatura própria para apoiar José Serra (PSDB). No caso do deputado João Herrmann Neto e dos candidatos a vereador, a denúncia foi feita pelo Diretório Municipal.

Em entrevista a este jornal, o presidente municipal do PPS, David Zaia, afirmou que a legenda tomou sua decisão sobre a campanha em São Paulo em convenção homologada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP). "O partido não pode ficar a mercê da opinião de poucos", disse. "Está nos estatutos. Não podemos contrariar ou mesmo voltar atrás numa decisão tão importante", afirmou Zaia.

O presidente municipal do partido afirmou ainda que grande parte dos membros que apoiaram a candidatura de Marta Suplicy se arrependeram e estão acatando a decisão do partido de apoiar o candidato tucano. "Não deu certo a tentativa do Herrmann. O partido está unido em torno de José Serra.", disse Zaia.

Desrespeito ao partido

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, avalista do apoio a Serra, disse que houve desrespeito às decisões do diretório. "Isso não pode ser tolerado", afirmou. Desde o início da turbulência interna, Freire vem fazendo discurso contrário aos oposicionistas do PPS. "Se não estão contentes, que saiam do partido." O recado do deputado pernambucano tem endereço certo: o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, que lidera uma corrente a favor do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com Freire esse grupo "não tem expressão dentro do partido".

Com um discurso mais contido, o deputado Raul Jungmann (PE), um dos membros da cúpula do PPS, diz que a sigla não pode entrar em conflito num momento de definição". Para ele, a punição foi branda e os correligionários vão rever suas posições. "É tempo de eleições, somos um partido que tem muitos candidatos próprios em muitas cidades importantes e também temos coligações de grande relevância", disse Jungmann. "Se demonstrarmos desunião seremos nós mesmos os grandes perdedores."

O deputado afirma ainda que os descontentes podem tomar um rumo diferente do que foi acordado em convenção nacional no ano passado. "Atuamos de forma democrática em nível nacional e regional. Sabemos a importância da cidade de São Paulo e por isso os debates são acirrados, no entanto, quem não estiver satisfeito com as posições da maioria do partido que deixe a sigla."

Jungmann disse não acreditar que os membros do partido que foram suspensos façam algum tipo de retaliação à decisão da cúpula nacional. "Se fizerem isso, estarão cometendo uma grande besteira." Ao saber da punição, João Herrmann reagiu: "O partido não merece uma ditadura do Freire".