Título: Aumento da demanda custará US$ 3 trilhões em investimentos
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Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Energia, p. A7

A produção de petróleo do mundo não deve atingir o pico antes de 2030, mas cerca de US$ 3 trilhões devem ser investidos para que o crescimento esperado de 60% da demanda seja atendida, disse a Agência Internacional de Energia (AIE) nesta terça-feira.

Os preços do petróleo subiram 70 por cento este ano para recordes acima de US$ 50 o barril em parte por receio de que a capacidade de produção não esteja expandindo na velocidade necessária para atender a demanda.

"O mundo não está ficando sem petróleo ainda. A reserva energética da Terra é mais que suficiente para atender a demanda por décadas", disse o diretor executivo da AIE, Claude Mandil, durante divulgação de relatório anual sobre perspectiva energética.

A estimativa é que a demanda mundial de petróleo passe de 77 milhões de barris por dia em 2002 para 121 milhões de barris em 2030. Dois terços do crescimento da demanda, segundo a agência, virão das economias em desenvolvimento, principalmente para combustível de transporte.

"Grandes investimentos serão necessários em poços de petróleo, oleodutos e refinarias. O financiamento será o grande desafio."

O aumento do consumo de energia no mundo significa que investimentos anuais de US$ 568 bilhões são necessários para atender a demanda prevista para os próximos 25 anos, sustentou a AIE.

Os preços de petróleo, gás natural e eletricidade têm aumentado nos últimos anos em meio à falta de investimentos em infra-estrutura, o que deixa o mercado despreparado para atender o crescimento da demanda.

A projeção anual de investimento da Agência até 2030 é de US$ 155 bilhões ou 37% acima dos US$ 413 bilhões investidos em energia durante 2000 --ano com os dados mais recentes disponíveis.

No total, US$ 16 trilhões terão de ser investidos até 2030 para atender a demanda mundial por energia, acrescentou a agência em seu relatório de Perspectiva Mundial para Energia

Bush "preocupado"

O presidente norte-americano, George W. Bush, está "muito preocupado" com os crescentes preços de energia, mas a economia pode absorvê-los, afirmou nesta terça-feira o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Don Evans.

"Não ajuda muito ter preços de energia altos e o presidente está bastante preocupado com isso", disse Evans ontem em uma entrevista à Reuters. "Não queremos ver os preços do petróleo a US$ 50, US$ 55 o barril, isso não ajuda a economia."