Título: Governo quer discussão sobre Angra 3
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Energia, p. A7

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) quer ampliar a discussão sobre a retomada do programa nuclear no Brasil, inclusive com a participação de opositores conhecidos como o Greenpeace, que ontem realizou manifestações de repúdio ao programa. Na abertura do Congresso Brasileiro de Energia, um representante do Greenpeace manifestou a indignação da entidade durante a palestra do secretário de Energia do Estado do Rio de Janeiro, Wagner Victer, quando ele defendia a construção da usina Angra 3. Horas antes, um grupo da entidade havia se algemado à porta do Instituto Nuclear Brasileiro, em Botafogo, no Rio.

"Existem outras alternativas de geração de energia no País sem ser nuclear. Não sabemos nem como vamos tratar os resíduos que já existem", disse o manifestante Marcelo Furtado, retirando-se pacificamente em seguida.

O representante do MCT, Francelino Grando, presente no evento, concordou com a preocupação sobre os resíduos nucleares, mas destacou que o Brasil não pode jogar fora investimentos que já foram feitos para a construção da usina.

"Angra 3 é uma decisão já tomada, onde já foram investidos imensos recursos da sociedade brasileira e certamente isso exige uma avaliação diferente da projeção de construção de novas usinas", afirmou Grando ao se referindo aos planos do ministro, Eduardo Gomes (MCT) de construir mais quatro usinas no país.

Ele afirmou que, além da energia nuclear, o País tem questões importantes em andamento, como o início do uso de biodiesel, em novembro. A partir do mês que vem, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) vai permitir a mistura de 2% do biodiesel ao óleo diesel.A intenção é aumentar essa porcentagem para 5% no ano que vem. Gandro também destacou que o Brasil poderá ganhar a dianteira na corrida pela produção de célula combustível a partir do etanol, ao contrário da utilização do metanol, de origem fóssil.

"O que o Brasil já fez foi isolar em laboratório o hidrogênio a partir do etanol, isso nos dá vantagem competititiva no futuro", disse. Ele estimou que o novo combustível começe a ser usado em breve. Para transformar a experiência laboratorial em escala industrial, o ministério investiu R$ 2,5 milhões este ano e vai repetir o valor em 2005, informou Gandro.