Título: Os ganhos da Copesul crescem 189,7% entre janeiro e setembro
Autor: Caio Cigana
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Indústria & Serviço, p. A12

Beneficiada pelo cenário internacional de forte demanda com reflexo na elevação de preços, a Companhia Petroquímica do Sul -Copesul registrou, entre janeiro e setembro, um lucro líquido ajustado antes das destinações de R$ 430,8 milhões, resultado 189,7% superior ao mesmo período do ano passado. O faturamento bruto no acumulado dos três trimestres chegou a R$ 4,99 bilhões, um crescimento de 19,39% sobre os nove primeiros meses de 2003, enquanto a receita líquida verificada foi de R$ 3,769 milhões, um avanço de 15,59% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda atingiu R$ 811,2 milhões ante os R$ 397,8 milhões entre janeiro e setembro de 2003. Com isso, a margem Ebitda evoluiu de 12,2% para 21,5%. Aproveitando o bom momento da indústria petroquímica, a Copesul também conseguiu reduzir o endividamento líquido de R$ 1 bilhão em setembro do ano passado para R$ 100 milhões.

Apenas no terceiro trimestre, o lucro líquido da petroquímica subiu de R$ 69,15 milhões para R$ 190,5 milhões; a receita líquida foi de R$ 1,43 bilhão, 44% superior ao do terceiro trimestre de 2003.

A central de matérias-primas do pólo petroquímico de Triunfo (RS) bateu no último sábado o recorde diário de produção de eteno, principal produto da companhia, com uma capacidade instalada de 1,135 milhão de toneladas por ano. Foram produzidas 3.393 toneladas, batendo a marca anterior de 3.375 toneladas em um dia. Um dos fatores que levou ao resultado é o alto índice de parafinicidade da nafta processada - 70,75%, quando o percentual habitual é de 68%. O controler da Copesul, José Arnaldo Ribeiro Soares, disse que, para melhorar este desempenho, a companhia vem buscando aumentar o percentual de nafta adquirida da Argentina e Argélia, mais adequada para a produção de eteno em relação à matéria-prima fornecida pela Petrobras, com menor teor de parafina. Segundo Soares, há um ano a Copesul importava entre 40% e 45% da nafta que processava. Hoje o percentual fica entre 50% e 55% e, daqui a um ano, o percentual deve subir para 60%. Apesar disso, ele disse ser de interesse da Copesul manter a política comercial estabelecida com a Petrobras, pela segurança de abastecimento oferecida pela estatal.

Apesar da elevação dos preços da nafta este ano devido à escalada da cotação do petróleo, a Copesul conseguiu repassar os valores para as indústrias de segunda geração. No primeiro trimestre, o valor médio da nafta foi de US$ 317 a tonelada, passando para US$ 345 no segundo trimestre e US$ 397 no terceiro. "A expectativa é que no quarto trimestre o preço médio fique em torno de US$ 450", disse Soares, admitindo que, com isso, pode haver "uma pequena depreciação" dos resultados da Copesul em relação aos níveis obtidos até agora no ano. A evolução do preço do petróleo, segundo ele, terá reflexos maiores na ponta da cadeia. "É difícil saber até que ponto será possível repassar os preços para os transformadores e os consumidores finais", afirmou.

Em 2005, a Copesul vai investir US$ 20 milhões para um novo forno, que possibilitará chegar um nível de produção equivalente à capacidade instalada de eteno. A capacidade nominal é de 1,135 milhão de toneladas, mas o melhor volume de produção - devido a paralisações temporárias e habituais para manutenção dos fornos - chegou a 1,08 milhão de toneladas ano passado, um desempenho recorde. O novo equipamento, programado para entrar em operação em outubro do ano que vem, servirá como uma espécie de forno reserva. No acumulado dos três trimestres, o nível operacional médio da planta de eteno foi de 95,8%, um desempenho superior ao observado no mesmo período do ano passado (92,2%). Com isso, as vendas de eteno chegaram a 831 mil toneladas até setembro, volume 3,88% maior em relação ao acumulado dos três trimestres iniciais do ano passado.