Título: A CST obtém lucro trimestral recorde
Autor: Gustavo Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Indústria & Serviço, p. A12

O lucro líquido da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), maior produtora de placas de aço do mundo, atingiu R$ 358 milhões no terceiro trimestre do ano, montante 101% superior ao resultado alcançado no mesmo período de 2003 e novo recorde trimestral da empresa. De janeiro a setembro, o lucro somou R$ 1,1 bilhão, 46% maior que nos nove primeiros meses do ano passado. De julho a setembro, a receita líquida cresceu 39% e alcançou R$ 1,3 bilhão; no acumulado do ano, subiu 24% e somou R$ 3,5 bilhões. Segundo o diretor de relações com investidores da CST, Leonardo Horta, o resultado foi favorecido pelo aumento do preço do aço no mercado internacional e pela desvalorização de 8% do dólar em relação ao real no trimestre. "Parte significativa (69%) do endividamento da CST está atrelada ao dólar", disse.

O Ebitda (geração de caixa) alcançou R$ 651 milhões, 68% superior ao do terceiro trimestre de 2003. A siderúrgica reduziu em 6% seu endividamento líquido, de US$ 448 milhões no segundo trimestre para US$ 422 milhões (R$ 1,206 bilhão) no terceiro.

As vendas de placas de aço totalizaram 749 mil toneladas no terceiro trimestre, 17% a menos que no mesmo trimestre de 2003. A CST - que exporta toda a sua produção de placas - forneceu 60% para a América do Norte, 32% para a Ásia, 5% para Europa e Oriente Médio e 3% para a China. Essa diminuição do volume, disse Horta, foi resultado do atraso em um dos embarques (de 40 mil toneladas) no final de setembro, já efetivado no início de outubro. De janeiro a setembro, as vendas recuaram 23% e somaram 2,2 milhões de toneladas.

De julho a setembro, o preço médio das placas exportadas atingiu US$ 348 por tonelada, montante 43% maior que o preço do terceiro trimestre de 2003 e 13% acima do trimestre anterior (US$ 309). O executivo avalia que o preço das placas deverá ficar entre US$ 420 e US$ 430 neste quatro trimestre, e a média anual será entre US$ 335 e US$ 345. Horta estima para 2005 preços médios maiores que os de 2004. As vendas de bobinas a quente somaram 450 mil toneladas no trimestre, volume 44% maior que no mesmo intervalo do ano passado. Desse total, 27% foram exportadas.

O principal mercado externo foi América Latina (54%), com destaque para Colômbia e Chile. A Europa participou com 39% do total, com França e Espanha como principais destinos. De janeiro a setembro, a CST comercializou 1,396 milhão de toneladas de bobinas, 80% a mais que em 2003. O preço médio das bobinas alcançou US$ 432 a tonelada, 20% a mais que no trimestre anterior (US$ 361). As bobinas representaram 40% da receita líquida tanto do terceiro trimestre como do acumulado do ano.

Segundo Horta, 90% do fornecimento de equipamentos para o projeto de expansão já está contratado. Quando atingir os 100%, a empresa entrará com o pedido de financiamento, de até US$ 300 milhões, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para a contratação dos fornecedores nacionais. A CST, disse Horta, levará mais duas ou três semanas para concluir os 10% de compras restantes. A empresa, que já assinou contratos de financiamentos com dois bancos europeus: US$ 140 milhões com o alemão KFW e US$ 70 milhões com o europeu EIB (European Investment Bank), está finalizando as negociações para a obtenção de financiamento entre US$ 40 e US$ 50 milhões junto ao banco japonês JBIC.

Em relação a coqueria, Horta disse que a termelétrica - que terá potência 175 MW de energia - já está sendo fabricada no Japão. Além disso, a CST já recebeu os tijolos refratários para os altos fornos, e as obras de engenharia estão em fase final de terraplanagem. "Ela estará pronta em março de 2006, a tempo de suprir de coque o novo alto forno", disse Horta. A coqueria terá capacidade de produção de 1,55 milhão de toneladas de coque metalúrgico por ano e receberá aporte de US$ 380 milhões.

A CST recorreu da sobretaxa de 42% imposta pelo governo dos Estados Unidos a embarques para dois clientes, de 900 toneladas de bobinas a quente cada. A siderúrgica deu entrada no processo no dia 26 de setembro e espera que ele seja concluído em nove meses. Segundo Horta, a aquisição da ISG pela LNM, do empresário indiano Lakshmi Mittal e que irá criar a maior siderúrgica do mundo, a Mittal Steel, não afeta as estratégias e a competitividade do grupo europeu Arcelor, controlador da CST, já que se tratam de empresas que atuam em diferentes segmentos de mercado. "Não foi uma surpresa; desde que a ISG foi criada, sabia-se que ela estava à venda. E ter sido vendida para a LNM também não surpreende, já que a sua estratégia é de comprar ativos desse tipo, que precisam ser melhorados e recuperados".