Título: Em dia de poucos negócios, dólar recua e juros futuros sobem
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Finanças & Mercados, p. B1

Depois de iniciar a semana com piora generalizada nos indicadores, com alta no dólar e queda na credibilidade do País, o mercado se recuperou ontem. A moeda norte-americana e o risco-país recuaram e o C-Bond, principal título da dívida externa do País, valorizou-se. Apenas os juros futuros apresentaram piora nas expectativas, com as projeções apontando uma elevação nas taxas. O volume de negócios ontem foi pequeno por conta da proximidade da divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), na quinta-feira. A expectativa dos analistas é de, a partir das explicações do Copom para o aumento da Selic, fazer uma leitura dos próximos passos do Banco Central.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,62%, vendido a R$ 2,866. Segundo analistas, houve um ajuste no preço da moeda, que no dia anterior fechou em alta de 0,45%. "O mercado acabou corrigindo o valor do dólar, depois de uma segunda bastante conturbada e que fez a moeda norte-americana se valorizar", diz Hideaki Iha, analista da corretora Souza Barros.

Diferentemente do que ocorreu na segunda, quando o óleo foi apontado como principal fator para a alta na cotação da moeda, ontem isto não se repetiu. Apesar do novo aumento no barril tipo WTI negociado na Bolsa de Mercadorias de Nova York - de 1,15% vendido a US$ 55,17 - ontem o câmbio se descolou dos preços do petróleo e caiu. "As captações e as exportações continuam trazendo dólares para o País e o mercado acabou não olhando tanto para o preço do petróleo."

No mercado de juros futuros, negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as projeções pioraram sinalizando alta nas taxas em dia de poucos negócios. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de abril de 2005, o mais líquido com um giro financeiro de R$ 9,2 bilhões, fechou em 17,61% ao ano, contra 17,60% da véspera. Este vencimento movimentou 99,2 mil contratos, volume muito inferior aos 162,5 mil contratos negociados na segunda.O DI de dezembro, que sinaliza a projeção da Selic a ser definida pelo Copom na reunião de novembro, indicou juro anualizado de 16,85%, ante 16,82% do ajuste anterior. Janeiro de 2005 estimou taxa anual de 17,11%, frente aos 17,09% do movimento de anterior. Segundo analistas, o aumento das projeções dos juros futuros sinaliza a expectativa de novo aumento da Selic que pode ser de até 0,50 ponto percentual. Um dos motivos seria o novo reajustes dos combustíveis que a Petrobras estaria preparando, com reflexos na inflação e por conseqüência na política de juros do BC.

No mercado externo, o C-Bond valorizou-se 0,64% vendido a 98,875% do valor de face. Já o risco-país, que iniciou a semana disparando e ficando acima dos 500 pontos, recuou. O indicador caiu 1,21%, para 504,01 pontos.