Título: China quer ampliar comércio agrícola
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Agribusiness, p. B12

Delegação do presidente Hu Jintao chega em novembro e quer negociar soja, carne e frutas. O presidente da China, Hu Jintao, deve retribuir à altura a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a seu país. Pelo menos 350 executivos de companhias chinesas - e uma delegação representativa de autoridades do governo - devem acompanhá-lo na passagem pelo Brasil, entre os dias 11 a 16. Apesar do interesse do país asiático em diversos setores nacionais, como infra-estrutura e energia, é grande a expectativa em relação ao segmento agrícola.

Uma missão, composta por cinco técnicos, estará no País dia 30 para preparar documentos e principais itens para ampliação do comércio bilateral de produtos do agronegócio. Os temas propostos pela parte chinesa para elaboração de protocolos envolvem o comércio de óleo de soja, carne bovina, carnes de aves, envoltórios naturais (tripas), soja em grão, frutas e registro de frigoríficos. O Brasil sugeriu incluir importação de frutos do mar da China.

Especula-se sobre o anúncio de um grande investimento no complexo soja. "Há um mês e meio, uma delegação de empresários daquele país esteve em sete localidades do Brasil, todas ligadas à produção e escoamento do grão, como Rio Grande do Sul e Mato Grosso e o Porto de Paranaguá, no Paraná. Saíram impressionados e com planos", disse o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang. Segundo ele, a China virou a principal base industrial do mundo e quer fazer do Brasil sua plataforma de fornecimento de matérias-primas, inclusive na área de alimentos.

A fruticultura brasileira será uma das principais beneficiadas com as boas notícias. Conforme já anunciado por autoridades do Ministério da Agricultura e Quarentena da China, o presidente Hu Jintao oficializará a liberação das importações de frutas cítricas do Brasil. Os citros estão entre os principais itens da pauta brasileira de exportação de frutas. Neste ano, as vendas externas do setor devem crescer 15% em valor e volume. A receita é de US$ 44,2 milhões, contra US$ 36,8 milhões de 2003. Os embarques devem chegar a 138 mil toneladas, contra 120,8 mil toneladas do período anterior.

Com a perspectiva de crescimento do comércio bilateral, os chineses também querem conversar e sugeriram o estabelecimento de um mecanismo de solução de controvérsias entre os dois países na área do agronegócio, para evitar problemas como o ocorrido no primeiro semestre deste ano, quando o governo da China suspendeu os embarques da soja brasileira.

Além do ministro da Defesa, general, Cao Gangchuan, que já chegou, desembarcam nos próximos dias os chefes das pastas do Comércio, Indústria, Educação, Informação e Turismo. "A visita deve superar todas as nossas expectativas pela importância que o governo chinês está dando ao encontro", afirma o presidente da Câmara Brasil China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), Paul Liu.

Para Charles Tang, a principal figura da delegação, depois do presidente chinês, é o ministro do comércio Bo Xilai, ex-governador da província de Liaoning. "É jovem, objetivo e muito preocupado em estreitar as relações com o Brasil", disse. Além das autoridades governamentais, cerca de 250 empresários participam da "Exposição de Produtos e Tecnologia da China - 2004", em São Paulo, em celebração aos 30 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil.