Título: Exportações de maçãs dobram e atingem novo recorde histórico
Autor: Lucia Kassai
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Agribusiness, p. B12

Os produtores brasileiros de maçã devem colher neste ano o melhor resultado de sua história. O volume - e as receitas - com exportações dobraram neste ano, na comparação com o anterior, e o consumo per capita deve crescer pela primeira vez desde 2002.

Neste ano, o Brasil exportou 152,77 mil toneladas, o dobro das 76,18 mil toneladas embarcadas em 2003. Em receita, o total chegou a US$ 68,8 milhões. As exportações ocorrem entre janeiro e junho, pico de compras da Europa, maior cliente brasileiro e responsável por quase 90% do exportado pelo País.

"As vendas cresceram e tomamos da Argentina o posto de quarto maior exportador mundial", diz Pierre Pérès, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçãs. Para 2005, as exportações podem chegar a 170 mil toneladas.

O "boom" das exportações só foi possível graças à quebra da safra européia e a uma lenta, porém sólida migração do consumo para variedades de maior valor agregado. "Os europeus estão diminuindo o consumo da variedade red delicious e aumentando as compras da gala", diz Pérès. A gala é de tamanho menor e, ao contrário da red delicious, não tem textura farinhosa. "A textura farinhosa afasta o consumidor". Em 2004 a Europa, que historicamente importa 700 mil toneladas de maçãs por ano, elevou as compras em 30%, para 900 mil toneladas.

A previsão de crescimento da economia brasileira está animando os produtores. "O consumo é sensível ao desempenho da economia. Quando a economia cresce, o consumo vai atrás", diz Pérès.

Índice da maçã

O consumo brasileiro, que durante anos ficou estável em 3 quilos por habitante, subiu para 5,5 quilos um ano após a implantação do Plano Real. Seguindo a mesma lógica, no ano da desvalorização da câmbio, em 1999, o consumo recuou para 5 quilos. "Acompanhar o consumo de maçã é uma maneira interessante de se medir a temperatura da economia", diz Arival Pioli, diretor da Fischer Fraiburgo, maior produtora e exportadora de maçãs do País.

Com a recuperação da economia neste ano, prevê-se que o consumo volte a 5,5 quilos por habitante. "Se a economia continuar crescendo, em três anos o consumo poderá alcançar 7 quilos", diz Pioli. "A recomendação de médicos nos EUA é de que o primeiro líquido que o bebê deve ingerir quando seca o leite materno é o suco de maçã", afirma. "Os brasileiros precisam investir no marketing da fruta".

Uma das iniciativas para aumentar o consumo é uma parceria com o McDonald¿s, por meio da qual, desde outubro, a maçã foi incluída em definitivo no cardápio do McLanche Feliz, voltado para o público infantil. "Desenvolvemos o novo cardápio com aval da Sociedade Paulista de Pediatria. Gostamos tanto que ampliamos para a refeição de nossos 30 mil funcionários", diz Daniel Arantes, diretor de marketing do McDonald¿s.