Título: Gás de Santos pode chegar com antecipação
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Relatório - Petróleo e Gás, p. 1

O cenário positivo traçado para o crescimento do consumo de gás no País poderá levar a Petrobras a antecipar a exploração e produção da Bacia de Santos, prevista inicialmente para 2009. A demanda atual, de 34 milhões de m /dia, poderá atingir 113 milhões de m /dia em 2015, se a economia brasileira crescer à taxa média anual de 4,5% e tenham êxito as ações desenvolvidas pela Petrobras para viabilizar o crescimento do gás na matriz energética, dos 7,5% atuais para 15% naquele ano.

Para isso, elaborou o Programa de Massificação do Uso do Gás Natural, concluído em maio de 2004, feito a partir do planejamento estratégico, que traça as diretrizes para a política de gás da companhia. "Redirecionamos a política para a área de gás. Estamos saneando a carteira de investimentos em termelétricas e interligando a rede de gasodutos", diz o diretor da área de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer.

A estatal desenhou três cenários-base para a demanda até 2015, cruzando projeções de crescimento econômico, estrutura produtiva, intensidade energética e consumo per capita. No mais pessimista, calculado com base em uma estimativa de crescimento médio anual de 2,1% do PIB, o nível de consumo ficaria em 57,9 milhões de m /dia. O intermediário, projetado a partir de uma expansão econômica de 3,5% ao ano, no qual a disseminação do uso do gás natural estaria restrita aos grandes centros urbanos das regiões mais desenvolvidas, a demanda por gás seria de 86,6 milhões de m /dia. O mais positivo prevê um consumo de 113 milhões de m /dia.

Quanto à oferta, as perspectivas são igualmente promissoras. As reservas provadas somaram 316 bilhões de m em dezembro de 2003, sem incorporar o potencial da Bacia de Santos. Em 2015, de acordo com as projeções da Petrobras, poderá chegar a 650 bilhões de m . Ou seja, a oferta de gás natural no Brasil deverá praticamente dobrar nos próximos dez anos (considerando o volume importado da Bolívia), passando de 57 milhões de m diários em 2004 para 103 milhões de m /dia em 2015.

"A data prevista para a Bacia de Santos, 2009, é apenas uma previsão para equilibrar oferta e demanda. Mas pode entrar em operação antes. Depende da demanda. Ao contrário do petróleo, que dá para se fazer estoque, o gás precisa adequar a oferta com a demanda. Quem manda é o senhor consumidor, que tem que ser atendido permanentemente. É preciso haver simultaneidade", afirma Sauer.

Para atingir as metas de consumo compatíveis com a oferta, a Petrobras investirá US$ 6,1 bilhões no setor entre 2004 e 2010. Metade do orçamento será destinada à expansão da malha de gasodutos, principal projeto do setor, para levar o gás aos mercados consumidores. Segundo Ildo Sauer, nesse período, a rede será ampliada em 4.160 quilômetros. Isso significa que até 2015, a malha de transporte no Brasil chegará a 10 mil quilômetros.

As projeções mais otimistas sugerem uma demanda superior à oferta já a partir de 2008. Com a extensão e a interligação da rede de gasodutos, o crescimento do consumo virá da demanda do setor elétrico, veicular e da indústria, que responderão por 94% da demanda total em 2015, sem incluir o consumo da própria Petrobras. Pelas estimativas da companhia, a demanda residencial também deverá aumentar, mas, mesmo assim, não deverá representar mais de 5,5% do consumo em 2015, no melhor cenário.

A maior demanda virá das termelétricas. Cujo desempenho, no entant, dependerá das políticas de governo, que está elaborando o marco regulatório para o setor. De qualquer forma, os números da Petrobras apontam para um crescimento expressivo.