Título: Ação internacional com os vizinhos
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Relatório - Petróleo e Gás, p. 2

Metade dos US$ 7,5 bilhões do orçamento internacional de 2004 é dedicada à América latina. A atuação da Petrobras no exterior teve início em 1972 por intermédio da subsidiária Petrobras Internacional (Braspetro), criada para desenvolver diretamente, ou através de outras controladas, atividades relacionadas à indústria do petróleo. A autorização para exercer atuar diretamente no exterior, no entanto, só foi obtida em 1995, com a Emenda Constitucional nº 9, que resultou na promulgação da nova Lei do Petróleo.

Para dar prosseguimento ao trabalho da Braspetro, a estatal criou em 2000 a Área de Negócios Internacional, para trabalhar nos quatro segmentos de negócios da empresa: exploração e produção (E&P), refino, transporte e comercialização, distribuição, gás e energia. Hoje, a verde-amarela está presente em 17 países com atividades operacionais, representação, escritório e subsidiárias.

O orçamento para a área internacional neste ano é de US$ 7,5 bilhões, dos quais 50% destinados à América Latina. A área de exploração e produção recebe mais recursos, cerca de 80% do total. Em seguida, está o segmento de gás e energia, com 9% do volume, antecedendo a área de refinaria e marketing, que fica com 4%. Por fim, a petroquímica fica com 3%, a distribuição com 2% e outros investimentos com os 2% restantes.

Em 2003, a produção da Petrobras no exterior foi de 246 mil barris de óleo equivalente, volume que deve saltar para 305 mil em 2005. A estimativa da empresa é de que a produção chegue a 613 mil barris/dia em 2010.

Entre os destaques de atuação da empresa no exterior estão os ativos na Argentina. Na área de exploração, participa em quatro blocos. Em 2002, quando comprou a Petrobras Santa Fé ¿ hoje Petrobras Energia ¿ e a Perez Companc, a carteira de E&P passou a contar com 16 blocos exploratórios. Com a aquisição da Perez Companc, a produção de petróleo e gás da Petrobras na Argentina, em barris equivalentes, passou de 20 mil barris/dia a 120 mil em 2002. Em 2003, a Petrobras Energia perfurou 191 poços.

Nos segmentos de refino e comercialização, a Petrobras e a Repsol-YPF concluíram, em dezembro de 2001, as negociações para a permuta de ativos. A Repsol-YPF transferiu à Petrobras 99,5% da EG3, dona de uma refinaria com capacidade de processamento de 30,5 mil barris/dia e de cerca de 700 postos de serviço.

A Petrobras opera, também, três refinarias no país vizinho: Ricardo Eliçabe, San Lorenzo e a Refinería Del Norte (Refinor). A rede de dutos foi acrescida de 7 mil quilômetros com a aquisição da Perez Companc.

Quanto à distribuição, as atividades na Argentina são conduzidas pela Petrobras Argentina e pela Petrobras Energía, de forma independente. No segmento de gás e energia, participa com 34% do capital da Companhia Mega, cujo investimento total foi de US$ 715 milhões. Controla a Transportadora de Gás del Sur (TGS), que possui 7,4 mil quilômetros de gasodutos, com capacidade de transportar 62 milhões de m/ dia. Possui ainda, uma planta de processamento de gás natural em Bahía Blanca, com capacidade para processar 42 milhões de m/dia.

Os ativos de eletricidade da Petrobras na Argentina se estendem por toda a cadeia produtiva. Com participação em três usinas, duas hidrelétricas ¿ Piedra Del Águila e Pichi Picún Leufú ¿ e uma termelétrica a gás ¿ Genelba ¿ tem 6,5% na geração do país.

A Transener é a principal empresa de transmissão de eletricidade argentina, proprietária de 95% da rede de linhas de alta tensão. No segmento de distribuição, a participação na Edesur garante a presença da Petrobras na região central de Buenos Aires, numa área com mais de 2,1 milhões de clientes.

Além da Argentina, outra importante atuação da Petrobras no exterior está na Bolívia, entre elas a operação do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), projeto de maior fôlego da Gaspetro, subsidiária da área de gás da estatal. O Gasbol é a estrutura de dutos que exigiu, até hoje, o maior volume de recursos da empresa. Com 3.150 km de extensão e custo total em torno de US$ 2 bilhões, a rede atravessa os Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, consolidando o processo de integração energética da América Latina.

Ainda na área de gás, destaca-se o gasoduto de Yacuíba a Rio Grande (Gasyrg) com 431 quilômetros de extensão e diâmetro de 32 polegadas. O gasoduto é operado pela Transierra, da qual a Petrobras tem de 44,5%. Esse gasoduto permite escoar a produção dos campos de San Alberto e Sábalo, em volumes de 17 milhões de metros cúbicos, desde o início das operações em abril de 2003. A estatal brasileiro é dona de parte das duas usinas de processamento desses campos, com capacidade para processar 13 milhões de m/dia cada uma. No segmento de exploração e produção, tem cinco blocos em terra e opera em quatro deles.

Na Bolívia, a Empresa Boliviana de Refinación (EBR), da qual a Petrobras passou a exercer controle total depois da compra da Perez Companc, é proprietária das refinarias Gualberto Villaroel (Cochabamba) e Guillermo Elder Bell (Santa Cruz). Essas unidades processam, em conjunto, a média de 32,60 mil barris/dia, cerca de 54% da capacidade nominal de ambas, com vendas de 31,69 mil barris.

Na Bolívia, as atividades de distribuição são realizadas pela Empresa Boliviana de Distribuición (EBD), subsidiária da Empresa Boliviana de Refinación (EBR). A EBD tem uma rede de 81 estações de Serviços, das quais 46 receberam a marca da bandeira EBR, e oito, a da Petrobras.

Fazem parte do rol de países onde a Petrobras tem representação Angola, China, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Irã, Nigéria, Peru, Tanzânia e Venezuela.