Título: Até 2010, integração dos gasodutos
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/10/2004, Relatório - Petróleo e Gás, p. 4
Malha para o transporte de gás natural ligará pontos de produção aos centros de consumo. A Petrobras vai investir US$ 4 bilhões no período de 2004 a 2010 na integração e ampliação da malha de gasodutos do Brasil. Atualmente, o País conta com quatro grandes malhas, que somam 5.058 quilômetros de extensão. Mas um dos sérios problemas de abastecimento no País é a ausência de uma rede interligada. Ou seja, não há conexão entre os gasodutos e as fontes produtoras.
"Agora temos uma nova concepção. Criamos uma rede básica de transporte de gás natural, que permita integrar todos os pontos de produção com todos os centros de consumo. Tanto aqueles que são interessantes economicamente, quanto aqueles que foram impostos porque os contratos de fornecimento para as termelétricas já estavam assinados", diz o diretor da área de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer.
A estratégia anterior previa o abastecimento do Nordeste com o gás natural liquefeito importado. Só que o negócio era desvantajoso, como mostram os números. Hoje, o custo no mercado americano é de US$ 8,00 por milhão de BTU, unidade de medida da sigla em inglês British Thermal Unit. No Brasil, a Petrobras vendia o gás para as termelétricas por US$ 2,70 por milhão de BTU. Como resume Sauer, "não era uma opção muito inteligente", para dizer o mínimo.
Além disso, havia contratos assinados em 2002 para construir duas malhas. A Nordeste, para levar o gás natural importado pelo Recife para as termelétricas da Bahia, de Pernambuco e do Ceará. E a malha Sudeste, para trazer gás boliviano até o Rio de Janeiro, porque as termelétricas estavam nesse estado. "Era essa estratégia montada. Mudamos isso", prossegue Sauer. "As fontes de suprimento estáveis de gás no Brasil são Espírito Santo (Campos), Santos e permanentemente a Bolívia e o que mais encontrarmos de gás no Nordeste. Revisamos essa concepção e criamos a rede básica. Vamos investir para fazer a integração".
Atualmente, a malha Sul/Sudeste/Centro-Oeste, transporta gás dos campos de Merluza, da Bacia de Campos, e dos campos bolivianos. No futuro, transportará o produto dos campos da Bacia de Santos. A malha do Espírito Santo, escoa o gás dos campos terrestres da bacia do estado e do campo de Cação, na plataforma continental. A Petrobras quer incorporar os campos de Peroá/Cangoá, Jubarte/Cachalote e Espírito Santo 123. A malha Nordeste leva o gás produzido nos diversos campos que se estendem da Bahia até o Rio Grande do Norte. E a malha Norte.
A maior parte dos gasodutos é operada pela Transpetro, subsidiária da Petrobras. Hoje, as malhas têm uma extensão de três mil quilômetros, 71 pontos de entrega e transportam cerca de 33 milhões de metros cúbicos/dia. Com os novos projetos, a extensão aumentará para cerca de 4,3 mil quilômetros até o final de 2005.
As novas linhas escoarão o combustível de Urucu, na região amazônica; dos pequenos campos do Nordeste; da Bacia de Campos; dos campos do Espírito Santo e, no futuro, da Bacia de Santos. Com isso o gás natural chegará à costa litorânea às cidades do interior.
No dia 14 de setembro, a Petrobras deu início às obras do duto que ligará Campinas ao Rio de Janeiro, com 448 quilômetros. O novo duto levará 8,5 milhões de metros cúbicos do gás boliviano - que atualmente vai até São Paulo - para o Rio de Janeiro.
Além do trecho Campinas-Rio, que poderá levar o gás da Bacia de Campos (RJ) e do Espírito Santo para a região Nordeste, a Petrobras investe no gasoduto Sudeste-Nordeste, o Gasene, com capacidade de transporte de 20 milhões de metros cúbicos por dia, ligando Cabiúnas (ES) a Catu, na Bahia. O cronograma está em dia e vários trechos esperam licença ambiental prévia, como o Cacimbas-Vitória. Partindo de Catu, a primeira fase da malha Nordeste, passará por Carnópolis (Sergipe) até Pilar (Alagoas).
A Petrobras também aguarda a licença ambiental final para o Gasfor 2, que sai de Guamaré, no Rio Grande do Norte, até Fortaleza, para alimentar as termelétricas cearenses.
Em uma nova etapa, ainda em estágio menos avançado, está o novo gasoduto batizado de Nordestão 2, que interligará interior do Nordeste ¿ Pilar/Mossoró/ Guamaré ¿ fechando a malha Nordeste, refeita dentro da nova concepção estratégica para o gás.
"Cumprimos dois objetivos: reduzimos o custo e interiorizamos o gás. Ao mesmo tempo, garantimos o abastecimento de toda a região Nordeste, porque já existem gasodutos para o litoral. A idéia é de que tudo esteja concluído no início de 2007", conclui Sauer.